O caso teve origem no assassínio, em Setembro de 2013, do conceituado rapper grego Pavlos Fyssas, conhecido pelo nome artístico Killah P. Um morte que levou as autoridades a iniciarem uma investigação que levou à detenção de grande parte da liderança de um partido que, em 2012, havia capitalizado a crise grega ao estrear-se no Parlamento com 21 deputados eleitos (420 mil votos).
Nas buscas realizadas nas residências de figuras do partido, incluindo o líder Nikos Michaloliakos, foi encontrado diverso material de propaganda nazi assim como armas que a polícia diz terem sido usadas por elementos de uma organização criminal com hierarquia militarizada.
Entre os 69 arguidos, alguns são acusados de pertencer a um grupo criminal enquanto outros se vêem sujeitos a acusações de homicídios, violência racista ou posse de armas ilegais. Além da morte de Fyssas, as autoridades atribuem aos membros do grupo responsabilidades noutros ataques, principalmente a emigrantes.
As figuras mais mediatizadas do Golden Dawn – partido que apesar do escândalo garantiu o terceiro lugar nas eleições de Janeiro, obtendo mais de 388 mil votos que levaram à eleição de 17 deputados – optaram por não comparecer na prisão de alta segurança de Korydallos, nos arredores de Atenas. Outros 44 acusados decidiram defender-se perante o juiz, mas a presença de centenas de apoiantes e críticos do Aurora Dourada terá ajudado o magistrado a optar pelo adiamento da sessão.
Em causa está até a própria localização das sessões de julgamento, com a população e autoridades locais a criticarem a escolha de Kordyallos, devido à esperada perturbação que um julgamento mediático levará à zona. A decisão de encerrar durante o dia todas as escolas de Kordyallos mostra o tenso ambiente que rodeia o julgamento, com barreiras policiais a separar críticos e apoiantes dos neonazis e um helicóptero a sobrevoar a zona.
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