Citando Carlotta Asami, porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que terá conversado com vários sobreviventes do naufrágio que provocou a morte a cerca de 800 pessoas, a cadeia de televisão norte-americana aponta que um toque ou uma onda provocada pelo navio de bandeira portuguesa que foi em socorro poderá ter virado a traineira que transportava os migrantes.
"Eles afirmam que houve uma altura em que eles [navio em socorro] estavam muito perto e, provavelmente, o que aconteceu foi que um grande navio provocou uma grande onda que poderá ter feito virar o barco", declarou Asami, citada pela CNN.
A porta-voz do ACNUR disse ter falado com alguns dos sobreviventes do naufrágio quando estes chegaram a Catânia, em Itália.
A estação norte-americana acrescenta ainda que a tragédia foi desta dimensão porque "os passageiros mais pobres, que não podem pagar para ir no convés, iam amontoados no porão". Assim, quando o barco virou "não tiveram possibilidade de se salvar".
Entretanto, um representante do OSM Maritime Group – proprietário do barco com bandeira portuguesa, o King Jacob – negou à CNN que tenha sido este navio a provocar o naufrágio. O representante, Mark Clark, reforçou a tese inicialmente avançada pelas autoridades italianas de que a concentração dos passageiros num dos lados do barco, na esperança de serem resgatados, levou a que este se virasse.
Baseando-se nos depoimentos dos sobreviventes, a responsável do ACNUR classificou como "credível" a informação de que estavam a bordo entre 800 e 850 pessoas no momento em que a embarcação naufragou a cerca de 70 milhas a norte da costa Líbia.
As anteriores estimativas apontavam para a possibilidade de a embarcação transportar entre 700 e 950 migrantes.
As autoridades italianas, que coordenaram as operações de resgate, confirmaram 28 sobreviventes e 24 cadáveres. Os sobreviventes terão sido todos salvos pela embarcação de bandeira portuguesa.
SOL/ Lusa
(actualizada às 11h55)