Passava pouco das 10:00 quando o grupo, que juntou utentes e trabalhadores da Carris, Metropolitano de Lisboa, Transtejo e Soflusa, arrancou do Cais do Sodré, envergando faixas e gritando palavras de ordem.
"Privatizar é roubar" e "porque o público é para todos e o privado só para alguns" foram algumas das palavras de ordem dos cerca de 300 manifestantes que desfilaram pela Rua do Alecrim, em direcção ao Largo de Camões.
À chegada, o coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, disse à agência Lusa que o número de manifestantes "demonstra bem que as pessoas estão preocupadas com este plano de privatização".
Aumento dos custos para os utentes, redução da oferta de transportes e menor qualidade de serviços são as consequências da privatização proposta pelo Governo apontadas pelo dirigente sindical.
Das transportadoras que hoje se reuniram em protesto, apenas a Carris cumpre um dia de greve e, para Manuel Leal, do sindicato da Carris, a adesão "não é o mais importante", já que a circulação dos autocarros estava às 07:30 a fazer-se "com normalidade".
"Estão aqui muitos trabalhadores da Carris, porque a preocupação é de todos, mas muitos deles têm o horário da tarde. O importante é que estejam aqui connosco e partilhem das nossas reivindicações", afirmou.
Manuel Leal considerou, ainda, que com a privatização da Carris será passado um "cheque em branco para o privado" e de deixadas "as pessoas da cidade sem eléctricos" que, na sua antevisão, passariam a servir exclusivamente os turistas.
Os dirigentes sindicais presentes na acção de protesto de hoje prometeram que a luta é para continuar, uma garantia partilhada também pelos utentes.
Cecília Sales, da Comissão de Utentes dos Transportes Públicos de Lisboa, mostrou-se "muito preocupada" com a intenção de privatizar o sector.
"Achamos que vai aumentar os custos dos bilhetes e do passe, que vai reduzir as carreiras e que vai afastar as pessoas de um direito constitucional, que é o direito à mobilidade e aos transportes públicos", sustentou.
O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, acompanhou os manifestantes, numa luta que disse ser "para não parar, mas sim engrossar".
"Temos aqui trabalhadores da Carris, Metro, Soflusa e Transtejo, mas temos aqui também um movimento de utentes, com largas centenas de pessoas, que estão aqui contra a entrega da gestão destas empresas públicas aos privados, para lhes dar dinheiro à custa dos direitos dos trabalhadores e dos serviços prestados à população", afirmou.
Presentes no protesto estiveram também o vereador do PCP na Câmara de Lisboa João Ferreira, a deputada comunista Rita Rato e a deputada do PS Isabel Moreira.
O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Silva Monteiro, anunciou no final de Fevereiro que a subconcessão das operações do Metro de Lisboa e da Carris deverá estar concluída até ao final de Julho.
A Carris e o Metro têm uma administração comum desde o início do ano, que partilham ainda com a Transtejo/Soflusa, mas esta última ficou fora desta proposta de concessão.
Lusa/SOL