Diogo de Oliveira, de 16, Frederico Loureiro, de 14, ambos alunos da Escola Domus Dança, no Porto, e António Casalinho, de 11 anos, da Anarella Academia de Ballet e Dança, em Leiria, deram cartas ao longo de uma semana na 16.ª edição do Youth America Grand Prix (YAGP), chegando agora a casa com prémios e/ou bolsas de ensino e formação.
"É um salto de gigante", classificou à Lusa Diogo de Oliveira, que vai a partir de Setembro finalizar os seus estudos na prestigiada escola da Ópera de Paris, depois de ter sido convidado a ingressar naquela companhia de dança pela "própria diretora".
E apesar de ter recebido também nesta competição, considerada a maior de escolas a nível mundial, uma bolsa/convite da Dutch National Ballet (companhia Junior), em Amesterdão, e uma bolsa para escola do English Nacional Ballet, a sua decisão já foi tomada e a sua ideia passa por "ficar" pela Opera de Paris.
"Não é muito comum" a Opera de Paris atribuir assim bolsas para a finalização dos estudos, porque "nesta escola é muito difícil entrar", afirmou o jovem, que se classificou no top seis de solistas do escalão Sénior.
Diogo Oliveira disse que este prémio "é fruto de muito trabalho desenvolvido na escola", onde passa quase todo o seu tempo livre.
Já António Casalinho, de Leiria, agora galardoado como o melhor 'Hope Award' nesta 16.ª edição do YAGP, ingressou no ballet por "curiosidade".
"O interesse começou quando umas amigas minhas já andavam no ballet. Já tinha visto algumas coisas e queria experimentar", contou este aluno da Anarrella Academia de Ballet e Dança, da bailarina cubana com o mesmo nome que em 1996 se instalou em Leiria.
Aos 8 anos, António, que frequenta o Colégio Conciliar Maria Imaculada, em Leiria, onde vive, inscreveu-se naquela academia e hoje dedica cerca de 25 horas semanais para atingir o seu sonho.
"Um dia poder ser um grande bailarino profissional numa grande companhia e poder, quando for mais velho, criar uma escola de ballet da corrente cubana", são aspirações do jovem, para quem o objectivo agora é "ainda atingir mais, chegar mais longe".
Para António Casalinho, filho de um professor do Orfeão de Leiria — Conservatório de Artes e de uma profissional de seguros, "o ballet é uma forma diferente de nos expressarmos".
"E até faz com que consigamos aprender muito mais culturas e muito mais coisas", afirmou, declarando-se "muito contente por ter conseguido ganhar este prémio".
Frederico Loureiro, também da Escola do Porto, "não estava à espera de passar à final" no YAGP, mas não só o conseguiu como ficou no Top 6 enquanto solista Junior, sendo o único europeu a alcançar esta marca.
"Senti que reconheceram o trabalho que a escola e os professores fazem", disse, congratulando-se por trazer para casa, em Vila do Conde, uma nova bolsa para um programa da Academia Bolshoi, outra bolsa para Dresden e um convite para novo concurso internacional.
Questionado se aos 14 anos não sente falta de passar mais tempo com os amigos, uma vez que o ballet lhe ocupa a vida, Frederico não tem dúvidas em afirmar que "sim", que "há dias em que isso acontece", mas depois como o que gosta verdadeiramente de fazer é dançar até se esquece.
É imbuído nesta arte que o professor Alexandre Oliveira, da Domus Dança, lamentou que Portugal "nada tenha feito para custear as despesas de representação" destes jovens talentos.
"Em Portugal, patrocínios [para o ballet] são uma miragem e não realidade", desabafou, especialmente quando Diogo, por exemplo, "é comparado com o Ronaldo".
À agência Lusa, também o pai do bailarino de Leiria, Luís Casalinho, referiu que as despesas para estas iniciativas como a que decorreu agora em Nova Iorque são suportadas pelos pais, o que, no seu caso, tem sido "com muito sacrifício".
"É pena que a cultura do nosso país esteja dependente da capacidade dos pais e gostaria de apelar a empresas e ao Governo para que pudessem apoiar este tipo de iniciativas", concluiu.
Lusa/SOL