Depois de duas semanas de guerra aberta, pública ou de bastidores, no seio do segundo maior grupo de automóveis do mundo, parecia que o ambiente estava mais calmo. Mas esta sexta-feira um artigo do Der Spiegel, citando fontes não identificadas, indica que o poderoso chairman não baixou os braços contra o CEO do grupo Volkswagen. No início desta semana Piech terá contactado o patrão da Porsche, Matthias Mueller, para este se preparar para o lugar de Winterkorn.
Tudo começou há cerca de duas semanas, quando num artigo no Der Spiegel o presidente do conselho de administração, de 78 anos – e representante das famílias que controlam o grupo – criticou o CEO Martin Winterkorn, o gestor mais bem pago da Alemanha, com um salário de cerca de 16 milhões de euros anuais. Piech disse que se tinha distanciado de Winterkorn e avançou já não seria o seu substituto no futuro.
A principal razão para o diferendo estará nos fracos resultados e expansão das marcas nos Estados Unidos – segundo maior mercado de automóveis do mundo e onde as rivais BMW e Mercedes têm reforçado presença. Os dois homens fortes do grupo alemão, que controla mais de uma dezena de marcas de automóveis, motas e veículos comerciais, e 100 fábricas em todo o mundo, trabalham juntos há vários anos e o CEO, de 67 anos, sempre foi apontado como o sucessor natural de Piech.
Na quinta-feira da semana passada foi marcada uma reunião de emergência para resolver a questão e Piech teve de ceder. Winterkorn saiu apoiado pelos seis membros do conselho superior – incluindo o renitente Piech, que arriscava ser afastado imediatamente – e até viu o seu contrato estendido além de 2016.
O ambiente desanuviou, apesar de a saída de Piech da presidência do conselho de administração ter começado a ser vista como uma realidade mais próxima. E esta quinta-feira o patriarca do grupo até surgiu, citado pelo jornal Bild, a dizer que os dois tinham acordado uma cooperação.
No entanto, apesar dos seus 78 anos, a notícia de hoje do Der Spiegel prova que Ferdinand Piech continua a ser um dos homens mais poderosos da indústria alemã e ainda ‘manda’ no enorme grupo Volkswagen.