Detenção de Joaquim Barroca é um ‘espectáculo encenado’

Os advogados de José Sócrates disseram hoje que a detenção do administrador do Grupo Lena, Joaquim Barroca, no âmbito da ‘Operação Marquês’, faz parte de um “espectáculo encenado” pelo Ministério Público para manter detido o ex-primeiro-ministro.

João Araújo e Pedro Delille fizeram hoje à noite, em Lisboa, uma conferência de imprensa para reafirmar que não existe qualquer ligação entre as detenções de José Sócrates e de Joaquim Barroca, sublinhando que hoje, véspera do Dia da Liberdade, se cumprem cinco meses desde que político socialista foi detido.

Pedro Delille lamentou o "clima de aceitação de que isto é normal", que José Sócrates esteja detido há cinco meses "sem acusação e sem qualquer indicação de factos concretos que justifiquem essa detenção. Há pessoas demais nesta situação".

"Não é possível aceitarmos que um processo como este sirva para manipular a opinião pública no sentido de que estas situações são normais", sublinhou o advogado.

Para os advogados, a detenção do administrador do Grupo Lena, Joaquim Barroca, é "uma cortina de fumo que esconde mal, definitivamente mal, o insucesso da investigação, sobretudo quando se tenha em conta que não foi encontrada nenhuma ligação do senhor engenheiro Sócrates a contas bancárias ou aos interesses financeiros" em Portugal ou no estrangeiro e pertencentes a Carlos Santos Silva e Joaquim Barroca.

Questionados pelos jornalistas sobre o processo, os dois advogados reiteraram que José Sócrates e Joaquim Barroca "não eram pessoas que se relacionassem", "nem sequer através de Carlos Santos Silva, antigo administrador do grupo Lena, também detido no âmbito da "Operação Marquês".

Os advogados afirmaram ainda que José Sócrates, o vice-presidente de Angola e o empresário Joaquim Barroca nunca estiveram reunidos em Nova Iorque e que a reunião aconteceu apenas entre os dois políticos.

Joaquim Barroca Rodrigues, vice-presidente do Grupo Lena, foi detido na quarta-feira e ficará em prisão domiciliária com pulseira electrónica.

Segundo o Tribunal Central de Instrução Criminal, existem fortes indícios da prática dos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção activa, tendo o Ministério Público alegado que existe, por parte do empresário, perigo de perturbação do inquérito e destruição de prova.

Joaquim Barroca foi a segunda pessoa com ligações ao Grupo Lena a ser detida no âmbito da "Operação Marquês", que investiga fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção, depois da detenção do ex-administrador Carlos Santos Silva, que está em prisão preventiva.

Segundo um comunicado do tribunal, além de ficar provisoriamente em prisão preventiva, o arguido está também proibido de manter contacto com "qualquer outro membro da administração ou da comissão executiva ou colaboradores das sociedade do grupo Lena", assim como com "qualquer dos outros arguidos já constituídos no inquérito", a saber, "Carlos Santos Silva, João Perna, Gonçalo Trindade Ferreira, José Sócrates, Lalanda de Castro e Inês do Rosário [mulher de Carlos Santos Silva]".

No âmbito da mesma operação, em Novembro passado, foi igualmente detido o ex-primeiro-ministro José Sócrates, que está a cumprir a prisão preventiva no estabelecimento prisional de Évora.

Lusa/SOL