O protesto, no qual participou o presidente da Câmara de Olhão, juntou os moradores das ilhas do Farol, Culatra e Armona, e terminou com a formação de um cordão humano, com uma extensão de cerca de um quilómetro, formado de cima do molhe poente da ilha.
Os 137 proprietários da ilha do Farol foram notificados para abandonarem as casas até ao dia 24, estando a posse administrativa pela Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, marcada para os dias 27 de Abril e 06 de Maio, prazos entretanto suspensos por decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé, após análise das providências cautelares apresentadas pelos proprietários.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Olhão (PS), António Pina, justificou a sua presença no protesto como "de solidariedade" para com as populações, porque, na Ria Formosa, "há tratamento diferente para a mesma coisa".
"Aquilo que exigimos é que o Governo perceba que, se há uns anos, houve um processo de legalização de outras habitações na Ria Formosa, que se faça o mesmo. É apenas de elementar justiça", destacou.
"Acredito que a justiça terá esse bom senso", sublinhou, acrescentando que, "se já houve providências cautelares diferidas de outras ilhas, com argumentos que se aplicam também aqui, a decisão não poderá ser outra, senão a de mandar parar as demolições".
Segundo António Pina, um dos argumentos que serão apresentados para travar as demolições, "é o do camaleão", espécie que existe na ilha e que o autarca assegurou "ficar em risco, caso as demolições prossigam".
"É muito triste perceber que o Ministério do Ambiente, que tinha obrigação de defender a fauna e a flora, nesta sangria desatada de deitar casas abaixo, nem sequer está preocupado com o que devia, como é o caso do camaleão, uma espécie protegida", concluiu.
O processo de renaturalização da ria Formosa, lançado pelo Ministério do Ambiente, através do programa Polis, prevê a demolição de um total de 800 construções nos núcleos urbanos das ilhas-barreira da Ria Formosa.
Os trabalhos começaram em Dezembro, no ilhote dos Ramalhetes e no ilhote de Cobra, e deverão prolongar-se até ao verão, segundo o calendário anunciado inicialmente pela sociedade Polis.
Os proprietários das habitações indicadas para demolição asseguram que vão continuar a lutar contra o programa de demolições e os argumentos que as sustentam.
Lusa/SOL