Mas um grupo de seis escritores norte-americanos manifestou-se contra a decisão daquela associação literária norte-americana. A maior parte dos argumentos era de cariz religioso: “ Tudo isto se deve à aparente cegueira do PEN em relação à arrogância cultural da nação francesa, que não reconhece o seu dever moral sobre uma grande parte da sua população”, escreveu um dos autores, Peter Carey, num e-mail enviado ao jornal The New York Times.
Além de Carey, o canadiano Michael Ondaatje (autor de O Paciente Inglês), Francine Prose, Teju Cole, Rachel Kushner e Taiye Selasi não compareceram à cerimónia. Kushner acrescentou às palavras de Carey que o Charlie Hebdo sempre tentou “impor a sua visão secular” à população francesa e que o prémio deste ano estava mal entregue. O presidente do PEN mostrou-se surpreendido com a decisão dos seis escritores, que também são membros da associação, recordando que eles estavam informados da nomeação do Charlie Hebdo desde Março.
Salman Rushdie, que viveu vários anos sob protecção policial devido a uma ameaça de fatwa (condenação) por ter escrito Os Versículos Satânicos, reagiu de pronto no Twitter: “O prémio será entregue. O PEN tem razão. São só seis mariquinhas. Seis autores à procura da sua personalidade”. Rushdie lamentava-se de os seus colegas manifestarem indiferença perante o massacre de pessoas cujos crimes se limitam a ter “publicado uns desenhos” e que a laicidade da França permite a liberdade religiosa e também a de expressão.