Ban Ki-moon e o papa reuniram-se em privado "durante meia hora", antes do início do colóquio, disse Ciro Benedettini, vice-director da sala de imprensa do Vaticano, sem precisar os temas abordados.
"O papa Francisco e eu acabámos de ter uma conversa muito longa e frutuosa", afirmou Ban na abertura do colóquio "Proteger o planeta, tornar digna a humanidade", organizado pela Academia Pontifícia das Ciências.
"Espero com impaciência a encíclica do papa Francisco", acrescentou o secretário-geral da ONU, numa referência à encíclica sobre a ecologia humana que o papa deve publicar em Junho ou Julho.
"A ciência e a religião não têm posições opostas sobre as alterações climáticas", disse, congratulando-se com os esforços do papa e da Igreja Católica para "chamar a atenção para a necessidade urgente de promover um desenvolvimento sustentável".
Em relação à conferência sobre o clima, prevista em Dezembro na capital de França, Ban considerou que "Paris não é um ponto final, mas deve ser um ponto de viragem para encontrar uma via comum de resposta ao desafio que é o clima".
Ban defendeu que "atenuar as alterações climáticas e adaptar-se aos efeitos é necessário para erradicar a pobreza extrema, reduzir a desigualdade e garantir um desenvolvimento económico justo e sustentável".
"As alterações climáticas estão intrinsecamente ligadas à saúde pública, à segurança da água e dos alimentos, aos movimentos migratórios e à paz e à segurança. É uma questão moral (…) de justiça social, direitos humanos e ética fundamental", sublinhou Ban.
O secretário-geral das Nações Unidas considerou que "as alterações climáticas estão a ocorrer agora", afectando especialmente os mais pobres, e as actividades humanas "são a principal causa".
"Somos a primeira geração que pode acabar com a por acabar e a última geração que pode recear os piores impactos das alterações climáticas", concluiu Ban Ki-moon.
Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU encontrou-se com o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e com a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, para manifestar a vontade comum de pôr fim ao drama da imigração clandestina, uma semana depois do mais grave naufrágio no mar Mediterrâneo.
Perante a multiplicação destas tragédias, o papa tinha pedido à comunidade internacional para "actuar com rapidez".
Lusa/SOL