Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a PT SGPS explicou que "os resultados estão incluídos em operações descontinuadas e que até maio reflectem a situação anterior ao aumento de capital da Oi".
Os 289,2 milhões de euros de prejuízos reflectem os lucros de 700 milhões de euros da fusão entre a empresa e a brasileira Oi, o 'write-off' (retirar das contas) de prejuízos fiscais de 208 milhões de euros, a depreciação das acções da permuta e a consolidação das perdas da Oi, estas duas devido ao impacto do investimento na Rioforte.
Em 2013, a PT SGPS registou um lucro de 388 milhões de euros.
Já em 2014, o resultado antes de impostos foi negativo em 795 milhões de euros, o EBITDA (lucros brutos) foi negativo em 26,6 milhões de euros e o resultado das operações descontinuadas atingiu os 759,2 milhões de euros negativos.
"Foi um ano muito atípico e extraordinário", disse o presidente do Conselho de Administração da PT SGPS, João Mello Franco, após a apresentação de resultados.
O responsável afirmou que, independentemente de toda a situação que surgiu com o investimento na Rioforte [e não reembolso] obrigando à renegociação da fusão com a Oi, 2014 seria sempre "atípico", já que a passagem das operações, como a PT Portugal, para operadora brasileira, no âmbito do aumento de capital de 05 de maio, tornou "automaticamente a PT SGPS numa empresa diferente".
A empresa registou perdas em activos financeiros de 362 milhões de euros, devido à desvalorização que as acções de permuta tiveram desde 08 de Setembro até ao final do ano passado, ou seja, à perda de valor das acções da Oi no mercado.
A PT SGPS apresentou ainda perdas em empreendimentos conjuntos de 378,6 milhões de euros.
"Isto é a consolidação dos resultados da Oi, que reportou 1,3 mil milhões de euros de perdas de 2014, e nós tivemos de consolidar pelo método de equivalência patrimonial a nossa percentagem", de forma a ajustar o valor contabilístico da PT Portugal, no âmbito do acordo celebrado com a Altice, explicou Rafael Mora, administrador da PT SGPS e da Oi.
A PT SGPS revela ainda que acabou com a provisão de 15,3 milhões de euros para bónus diferidos (remunerações variáveis) dos antigos responsáveis da empresa Zeinal Bava, Henrique Granadeiro e Luís Pacheco de Melo.
"O Conselho de Administração da PT e a sua comissão de vencimentos decidiram que não vão pagar. Como não vão pagar, não reconhecem essa dívida com eles, logo é óbvio que há que desfazer uma provisão de 15,3 milhões de euros", disse Rafael Mora.
Questionado sobre qual a reacção daqueles responsáveis ao fim desta provisão, João Mello Franco afirmou que "se quiserem pôr [a empresa] em tribunal que ponham", lembrando, contudo, as conclusões do relatório da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES) que indica que os antigos presidentes da Portugal Telecom (PT) Henrique Granadeiro e Zeinal Bava sabiam dos investimentos da operadora no GES.
Os responsáveis afirmaram que não serão distribuídos dividendos e que estes só voltarão eventualmente a ser atribuídos se a empresa regressar aos lucros.
A PT SGPS passou a ter directa e indirectamente 27,5% da Oi, após a assinatura do novo acordo com a operadora brasileira e a execução da permuta a 30 de marco deste ano.
A PT SGPS detém ainda os instrumentos da Rioforte e a opção de compra sobre 47.434.872 acções ordinárias e sobre 94.869.744 acções preferenciais da Oi.
Lusa/SOL