A exibição, em duas sessões de entrada livre, acontecerá no Teatro Municipal do Rivoli. Na terça-feira, o filme será exibido na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, e no final do mês estreará no festival de Cannes, em França.
O realizador tinha depositado uma cópia na Cinemateca Portuguesa, deixando estipulado que o filme só deveria ter exibição pública após a sua morte.
"O cinema é a minha paixão e sempre tudo sacrifiquei à possibilidade de poder fazer os meus filmes", afirma Manoel de Oliveira nos primeiros minutos deste filme, que rodou em 1981, quando tinha 73 anos, na casa onde viveu, no Porto, durante mais de quarenta anos.
Aquela casa é o cenário e o mote para o documentário, que conta com diálogos escritos por Agustina Bessa-Luís, ditos por Diogo Dória e Teresa Madruga. Os actores dão voz a um casal que deambula pela habitação e que nunca se cruza com Manoel de Oliveira.
O realizador fez este documentário quando estava a planificar "Non ou a vã glória de mandar". Depois desse, ainda fez mais de vinte filmes, entre os quais "A divina Comédia", "Vale Abraão" e "O convento".
Durante pouco mais de uma hora, Oliveira fala sobre os seus antepassados, aborda a relação com a morte e com o sofrimento, explica o fascínio pelas mulheres e recorda os dias que passou na prisão depois de ter sido detido e interrogado pela PIDE, nos anos 1960.
O filme é dedicado à mulher, Maria Isabel, "a realidade sem subterfúgios", que aparece por breves minutos a apanhar flores e a falar sobre a relação com o realizador.
Manoel de Oliveira morreu a 2 de Abril, no Porto, aos 106 anos.
Lusa / SOL