Passos Coelho

Conseguiu que uma inevitabilidade política – a renovação da coligação entre PSD e CDS para as legislativas – fosse apresentada como uma surpresa inesperada. Não só pelo sigilo que soube manter, com Portas, como pelo momento em que a decisão foi comunicada, no simbólico dia 25 de Abril habitualmente apropriado pela esquerda. E até ao anúncio presidencial de Sampaio da Nóvoa fez marcação, agendando para a mesma altura a ratificação da coligação pelas direcções do PSD e do CDS. É o que se chama recuperar a iniciativa política e apostar na estratégia ofensiva.

Sampaio da Nóvoa

Soube gerir com inteligência a rede de apoios, políticos e sociais, necessária à sua candidatura a Belém – praticamente neutralizando as hipóteses de outros candidatos concorrentes na área do centro-esquerda, de Carvalho da Silva a Maria de Belém. O apoio do PS, que só chegará oficialmente a prazo, era condição sine qua non para avançar – e soube assegurá-lo junto de António Costa. Ontem, no lançamento, teve já a presença dos pesos pesados Soares e Sampaio.

Sombra:

Rui Rio

Continua a hesitar na candidatura a Belém e o timing definido por Passos e Portas não o favorece. Ao mesmo tempo, um livro de um médico amigo quase arrasa a sua imagem: enquanto elogia qualidades como a integridade e a firmeza, diz que «se desgasta» em indecisões à procura de soluções, que tem traços de «obsessivo», por vezes «depressivo» e «controladamente agressivo». Se o livro pretendia ser uma peça de campanha, virou-se o feitiço contra o feiticeiro. Com amigos destes…

Carlos Abreu Amorim

Podia estar aqui Inês de Medeiros, do PS, ou Telmo Correia, do CDS, mas o projecto de lei que ressuscitava o ‘exame prévio’ na comunicação social é a cara chapada das fogosas ideias deste deputado do PSD. Com o pretexto de obrigar as televisões generalistas a fazerem debates eleitorais (só entre os partidos instalados, ressalve-se), aproveitava-se para ‘meter na ordem’, com exame prévio e multas a condizer, uma comunicação social, não eleita, que se arroga o direito de contestar o poder político, devidamente eleito… É a tentaçãozinha controleira e o tiquezinho antidemocrático a virem à superfície. Esperemos pelos próximos episódios.

jal@sol.pt