"Assim que se soube que o papa queria vir, tivemos um volume anormal de telefonemas e temos pedidos de quartos para Maio de 2017 quase todos os dias", disse à agência Lusa Natália Neves, sócia-gerente do hotel Alecrim.
A empresária considerou que "Fátima terá, dificilmente, capacidade hoteleira para responder a uma visita do papa, mas não precisa de mais hotéis", adiantando que no caso do seu hotel as reservas para os 12 e 13 de Maio, ano após ano, "são dos mesmos clientes de sempre que, de ano para ano, vão renovando as reservas" e que, invariavelmente, esgotam a sua capacidade.
O papa Francisco confirmou no dia 25 de Abril ao bispo de Leiria-Fátima, António Marto, que tenciona deslocar-se a Fátima em 2017, quando se assinala o centenário dos acontecimentos na Cova da Iria, revelou hoje a diocese portuguesa.
Numa informação enviada à agência Lusa, a diocese anunciou que, em audiência privada, em Roma, o papa Francisco confirmou a António Marto que, "'se Deus [me] der vida e saúde' quer estar na Cova da Iria para celebrar o centenário das aparições de Fátima".
"Depois de ter recebido já vários convites, é a primeira vez que Francisco afirma de forma explícita este desejo de vir a Fátima, autorizando a divulgação pública da sua intenção", destaca a diocese.
No hotel Fátima também se registou "um acréscimo de telefonemas" quando foi conhecida a vontade do papa, contou o diretor da unidade, Luciano Pereira.
"Estamos esgotados, mais quartos houvesse, mais vendíamos", declarou o responsável a propósito de Maio de 2017, explicando que se trata "dos clientes habituais, que escolhem o hotel várias vezes ao longo do ano e de operadores que trazem clientes estrangeiros e também alguns portugueses".
Questionado sobre os preços do alojamento hoteleiro por ocasião de uma visita papal, Luciano Pereira referiu que a tarifa praticada para 2017 "é diferenciada por ser o centenário das aparições", rejeitando qualquer comparação com a "especulação, como se ouviu falar, para a final da Liga dos Campeões, em Lisboa".
Já Jorge Heleno, director do hotel D. Gonçalo, salientou que "Maio esgota sempre e a capacidade de Fátima não chega".
"Com papa ou sem papa é normal e há muitos hotéis até de Lisboa que beneficiem do fenómeno de Fátima, porque, ficando a hora e meia de viagem, os peregrinos vêm às cerimónias e voltam", sustentou, apontando, ainda, a oferta hoteleira da região.
No caso da unidade, que a 25 de Abril registou um "acréscimo de telefonemas que ainda continua", Jorge Heleno referiu que para Maio de 2017 "não está esgotada porque ainda não foram colocados à venda os quartos", notando que "não é normal que se venda com dois anos de antecedência, salvo situações de excepção como foi a Expo 98 e nas outras visitas papais".
O presidente da Associação Empresarial Ourém/Fátima (ACISO), Francisco Vieira, explicou que "os fluxos de atracção para o 12 e 13 de Maio ao longo dos últimos anos já acontecem de forma sistemática", pelo que o que "acontecer em 2017 vem dentro da normalidade".
"Não deverá isto obrigar a um aumento da oferta, porque Fátima é muito marcada pela sazonalidade", alertou Francisco Vieira, afirmando, contudo, que a cidade "teria muito gosto em ter capacidade para alojar muito mais visitantes".
O presidente da ACISO destacou que "esta incapacidade de Fátima, no distrito de Santarém, tem uma vantagem que beneficia o território que vai de Coimbra a Lisboa, particularmente por todo o litoral, redistribuindo os turistas pelas unidades hoteleiras desta região".
Lusa/SOL