Lançada em 2012, a cadeia Walk'in Clinics tem cinco clínicas – quatro junto a lojas Pingo Doce e uma de rua, em Alvalade. Entre os novos projectos “dois estão estabilizados e serão nos arredores de Lisboa”, avança o administrador da rede, José Mendes Ribeiro, em entrevista ao SOL. As aberturas estão previstas para Julho e há “outro projecto em negociações quanto ao espaço”, acrescenta.
Com cerca de 200 profissionais de saúde, as Walk'in Clinics posicionam-se como prestadoras de cuidados primários, apostando na proximidade entre médicos e clientes, na conveniência e nos horários alargados, a preços competitivos. Disponibilizam ainda planos de saúde.
Têm cerca de 40 mil clientes, sobretudo entre os 25 e 54 anos e de classe média e média baixa, que procuram principalmente medicina familiar e consultas de saúde oral – embora análises genéticas e testes de intolerância alimentar estejam com mais procura.
Crise abrandou negócio
Segundo o administrador, tanto o número de clientes como a facturação crescem “cerca de 45% ao ano”, ritmo que espera manter em 2015. Recusando revelar mais dados financeiros, José Mendes Ribeiro diz apenas que a rede ainda não atingiu o break even, que neste tipo de empreendimentos rondará os quatro anos.
O ritmo de expansão da rede acabou por ser mais lento do que inicialmente previsto. Quando surgiram as Walk'in Clinics, José Mendes Ribeiro indicou à Lusa haver potencial para abrir 40 clínicas a médio prazo. Mas, observa agora, “a expansão tem sido mais lenta porque queremos refinar bem o conceito com o cliente. Depois achámos prudente verificar como Portugal evoluía relativamente à situação que estamos a atravessar. Entrámos no mercado em plena crise e temos de fazer uma leitura prudente do investimento”.
Além disso, “não é fácil encontrar espaços adequados. Esse trabalho demorou também um pouco mais do que esperávamos”, ressalva, criticando a indisponibilidade dos operadores de centros comerciais para permitirem mais do que uma clínica no mesmo shopping.
“O nosso ritmo tem sido doseado por restrições de espaço e por restrições de recursos, não financeiros, mas técnicos”, conclui.
Já investir em hospitais ou residências para seniores “está completamente fora do âmbito”. Prefere apostar na telemedicina e no acompanhamento à distância de diabéticos, exemplifica.
“O nosso foco é promover a saúde e manter as pessoas saudáveis e não tratar apenas a doença”, resume José Mendes Ribeiro – que detém 30% da empresa, mas deverá reduzir a sua posição em benefício da Sociedade Francisco Manuel dos Santos (maior accionista da Jerónimo Martins).
“O mercado privado está muito orientado para captar quem tem seguro de saúde ou uma convenção num subsistema de saúde. Esse é o nosso primeiro mercado e não as pessoas que são apenas utentes do Serviço Nacional de Saúde”, sublinha, contabilizando quatro milhões de potenciais clientes.
Desafio à tutela
José Mendes Ribeiro esteve no Ministério da Saúde no Governo de Durão Barroso, a trabalhar no conceito dos hospitais-empresa. Participou também na recente reforma hospitalar e deixa um desafio à tutela: permitir que os privados e as misericórdias possam disponibilizar médicos de família e operar nas Unidades de Saúde Familiar, numa espécie de parceria pública-privada nos cuidados primários.
A internacionalização também faz parte dos planos da rede Walk'in Clinics, que poderá aproveitar a presença dos supermercados da Jerónimo Martins na Polónia e na Colômbia. Mas, nesta vertente, por enquanto há apenas “conversações” com dois grupos angolanos para prestar assessoria técnica na área da saúde.