Vergonha

O Pen American Center atribuiu o prémio Freedom of Expression Courage ao jornal Charlie Hebdo. Na cerimónia de entrega de prémios, seis escritores abandonaram a sala em sinal de protesto. Além deste gesto teatral, uma carta assinada por 145 escritores indignados foi entregue à organização. O argumento resumido contra a atribuição do prémio ao Charlie…

Charlotte Elizabeth Diana

Diríamos que hoje sabemos tudo porque temos informação disponível a toda a hora. É certo que sabemos mais hoje do que antes de haver televisão ou internet. Ou será que não é assim? Mesmo com toda a informação disponível, há quem não acredite naquilo que está à frente dos seus olhos. Falo dos duques de Cambridge, Kate e William, e da recém-nascida princesa de Cambridge, os três com um aspecto glorioso à porta do hospital de St. Mary, menos de dez horas após o nascimento do bebé. A céptica imprensa russa e os seus leitores gritaram: ‘Alto! Essa mulher com esse ar resplandecente não pode ter dado à luz umas meras horas antes de sair dali pelo seu pé’. A dúvida estava lançada. Acontece que era preciso responder à pergunta: por que razão mentiria a Casa Real britânica a propósito da data de nascimento da princesa? A dúvida significa que esta é uma probabilidade para os russos. Calma, Rússia, foi só um parto sem epidural. Grande Duquesa de Cambridge!

Pai e filha

Aos 86 anos, Jean-Marie Le Pen está apostado em infernizar a vida da filha, Marine Le Pen, actual líder da Frente Nacional. Ou é assim que a história nos está a ser contada. O pai racista e anti-semita a insistir que as câmaras de gás foram «um pormenor da História» e a filha a dizer: «Ai, paizinho, não diga isso que me deixa ficar mal, agora que isto está tão bom para ganhar votos ao centro-direita». Ou será: «O paizinho tem é de dizer isso bem alto! Não se iniba, que a verdade é para ser gritada!». Não vejo vantagens no silêncio de Le Pen pai para Le Pen filha. Quanto mais repetir que o primeiro-ministro Manuel Valls é um imigrante, mais facilitará o trabalho de Marine na redefinição de um partido que diz ter abandonado a sua matriz racista e anti-semita. O silêncio de Le Pen pai só poderá beneficiar aqueles que preservam um cepticismo saudável relativamente àquela que até há pouco tempo nada tinha a dizer sobre as ideias de sempre do pai.

Uma vida dura

Entretanto, em Baltimore, Toya Graham foi buscar o filho por uma orelha quando estava satisfeito no meio dos tumultos a atirar pedras à polícia. O adolescente foi afastado da multidão pela mãe, que o obrigou a tirar o capuz e fê-lo ir à frente dela até casa. O rapaz explicou que tinha entrado em pânico porque vira a mãe, de quem tinha «mais medo do que da polícia». Penso que toda a gente terá ficado com medo de Toya Graham, que mostrou não ser para graças. Numa entrevista à CBS News, afirmou que não queria que o filho fosse mais um Freddie Gray, fazendo uma alusão ao rapaz morto em Baltimore, tudo indica que pela polícia, quando era levado para a esquadra. Disse também que não era uma mãe tolerante. A intolerância ao crime e ao risco estúpido é uma qualidade. Conhecemos Baltimore por causa da série The Wire, de David Simon, passada em bairros violentos e pobres. Toya Graham parece saída de The Wire mas a sua luta é real, dura e diária.

Hahahaha!

Sarah Larson escreveu um artigo na New Yorker que vai ao encontro das necessidades virtuais dos nossos dias. Quando nos rimos, fazemo-lo com um  hahahaha ou com um hehehehe? Segundo Larson, dantes via-se mais a primeira opção, franca, de gargalhada aberta e um pouco louca. Hoje em dia, a escolha vai mais pelo discreto e misterioso hehehehe ou ehehehehe, talvez em português. Admito que passei por uma fase de hihihihihi, porque é de menina que acabou de entornar o frasco de cianeto no chá das visitas. Mas talvez seja mais um caso para bwahahaha!, uma opção de que gosto muito. Hehehehe parece-me vagamente arrapazado, mas a verdade é que os rapazes não se riem online ou então optam pelo LOL! meio envergonhado do costume. Também aprecio um bom LOL! mas nada bate o prazer de irromper por uma caixa de comentários com um hahahaha! franco e honesto. Falta entrega no hehehehe. Há mais pudor e menos brincadeira. Já que é para rir, que seja até ao fim.