Mas esse sorriso transporta também um lado feminino que parece transparecer em parte dos filmes que iremos ver de hoje, quarta-feira até ao próximo dia 24, quando será conhecida a Palma de Ouro da 68ª edição, lidera pelos manos Joel e Etham Coen
Até agora são elas quem mandam.
Depois do rosto de Charlize Theron a sobrepor-se ao de Tom Hardy no endiabrado Mad Max – Estrada em Fúria, que amanhã chega às salas do mundo inteiro, foi a vez de Deneuve impor a sua classe num filme de acentuado perfil social.
Em La Tete en Haute/De Cabeça Levantada temos uma proposta de reinserção social da actriz realizadora Emmanuelle Bercot, sobre um adolescente francês em risco. Será graças à dedicação de uma juíza compreensiva do tribunal de menores de uma localidade na zona de Dunquerque, interpretada com à vontade por Catherine Deneuve, que a sua desintegração será suprida.
Uma inesperada proposta de vincado perfil social na abertura do festival, que poderia muito bem-estar na selecção competitiva para a Palma de Ouro. Mas que acaba por ser um prémio de consolação talvez justificado pela presença de uma mão cheia de filmes franceses na competição.
Aliás, o tom feminino prolongou-se para a competição, com o japonês Our Little Sister/A Nossa Irmã Mais Nova, do experiente Kore-Eda Hirokazu a ilustrar a relação entre três irmãs que descobrem que o parque acaba de morrer deixou uma outra irmã agora com quinze anos. Através da ausência do pai, este quarteto feminino irá reencontrar a razão de ser do elo familiar.
Sim, Cannes tem razões para sorrir.
Alguns números e curiosidades sobre Cannes:
O gigantesco cartaz que domina a entrada do Palácio dos Festivais tem doze metros sobre 24 e foi imprimido numa HP de 11 metros que demorou meio dia a imprimir.
A passadeira vermelha que será pisada pelas estrelas ao longo dos 24 degraus têm 60 metros de comprimento se quatro de largura.
No interior do Grand Palais 2300 assentos aguardam ocupação para as cerimónias e sessões de projecção.
A primeira edição do festival realizou-se em Setembro de 1939
Pierre Lescure inicia em 2015 funções como presidente do festival de Cannes, substituindo o crítico, realizador e ensaísta Gilles Jacob
Só por uma vez a Palma de Ouro foi atribuída a uma mulher. A responsável pelo feito foi a neozelandesa Jane Campion, realizadora de O Piano
Em 2014 o festival teve 4001 jornalistas acreditados
Manoel de Oliveira recebeu a Palma de Ouro pela sua carreira em 2008, ano em que completou 100 anos