Há milionários dispostos a pagar mais impostos

Os impostos sobre fortunas estão a aquecer o debate económico internacional, em muito devido ao livro recente de Thomas Piketty, o francês que sugere uma tributação sobre o património como forma de reduzir as desigualdades.

O economista esteve em Portugal na semana passada e defendeu o regresso do imposto sucessório proposto pelos economistas do PS. Em entrevista à Rádio Renascença, considerou “uma anomalia a sua inexistência em Portugal”.

A tributação da riqueza gera polémica, mas não é de agora. E alguns dos defensores de impostos mais altos para as carteiras mais recheadas são alguns dos empresários que mais impostos pagariam, como Warren Buffett e Bill Gates. Os dois norte-americanos divergem quanto ao tipo de imposto a aplicar, mas gostariam de contribuir mais para o erário público.

O multimilionário Warren Buffett tem apelado nos últimos anos à taxação dos mais abastados da sociedade. Em declarações públicas, manifestou-se chocado com a disparidade fiscal entre os trabalhadores da base e os gestores de topo.

Segundo Buffett, os 400 cidadãos americanos mais ricos ganham em média 200 milhões de dólares e pagam uma taxa fiscal inferior a 10% sobre os rendimentos. “É muito menos do que paga a minha empregada doméstica”, ilustrou. O investidor propõe uma taxa de 30% sobre os rendimentos acima de um milhão de dólares.

Bill Gates admite também pagar mais impostos, mas o fundador da Microsoft discorda de Piketty e de Buffett quanto ao tipo de tributação. Em vez de impostos sobre o rendimento ou sobre fortunas, sugere taxas progressivas sobre o consumo. Segundo Gates, esta opção permitiria não penalizar empresários que fazem investimentos produtivos e fazer com que “pessoas que gastam muito dinheiro em iates e aviões” pagassem mais. 

joao.madeira@sol.pt