Susana Neves confessou estar arrependida do que escreveu no Facebook, quando afirmou que o filho teria de enfrentar o que fez sozinho e que "devia ser entregue para fazerem justiça pelas próprias mãos"
“Falei a quente”, disse à TVI, acrescentando que já retirou a publicação da sua página na rede social.
A mãe justifica a atitude que teve pelo choque da notícia: “Ver uma notícia dessas. Ver o meu filho a passar algemado e saber os contornos do crime não é fácil”. Agora, garante que vai ficar ao lado de Daniel. “Ele é meu filho. Eu não sou nenhum rato para abandonar o barco”.
Susana refere ainda que Daniel foi diagnosticado com hiperactividade aos quatro anos e, aos dez, perdeu o pai. “Ele assistiu à morte do pai e, dois meses depois, à morte da avó. O pai, no anterior à sua morte, disse 'tu qualquer dia matas-me do coração, rapaz'. E a verdade é que o pai morreu no coração no dia seguinte. Acho que isso o marcou”.
O comportamento do jovem começou a piorar nesta altura e a mãe, com mais dois menores em casa, decidiu pedir ajuda à Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco (CPCJ). A mãe diz que “lhe apontaram” o dedo por ter abandonado o filho, mas confessa apenas pediu ajuda à CPCJ.
O jovem passou por instituições em Fátima, Caxias e Lisboa. Quando voltou para casa, Susana diz que o jovem "vinha com outras maneiras, falava de outra forma".
"Não era uma pessoa violenta. Eu sempre lhe disse: 'Mostra agora a toda a gente que vais ser um homem'”, conta.
Mas os maus comportamentos continuaram, com vários roubos. “O Daniel chegou ao ponto de me roubar coisas em casa. Ele não fazia nada daquilo que nós lhe dizíamos”.
A mãe acrescenta ainda que Daniel deixou de querer ir às aulas e que não conseguia estar sempre de olho no que o filho fazia: “Eu não conseguia estar 24 horas sobre 24 horas em cima do Daniel”.
Daniel está actualmente detido no Estabelecimento Prisional de Leiria, onde aguarda julgamento pela morte de Filipe Costa, de 14 anos. O adolescente de 17, depois de horas de interrogatório onde a sua advogada garante que nunca foi mal tratado, confessou ter matado o jovem com uma barra de ferro. Está indiciado por homicídio e profanação de cadáver.
A advogada disse à TVI que o jovem está ansioso e preocupado porque soube das ameaças que têm vindo a ser feitas pelas páginas de Facebook.