A Fitch assume que no caso de existirem perdas elevadas com a venda do antigo BES, estas seriam diferidas ao longo de vários anos. Mas, ressalva, há ainda uma incerteza sobre o mecanismo a ser implementado para absorver esses prejuízos.
De acordo com o comunicado divulgado na página da agência, a classificação de longo prazo do Millennium bcp desceu dois níveis de ‘BB+’ para ‘BB-‘. O rating do BPI foi revisto de ‘BB+’ para ‘BB’, menos um nível. A notação do Montepio é agora de ‘B+’ face ao anterior ‘BB’, um recuo de dois níveis. Já o Banif recuou quatro níveis para ‘B+’ de ‘BB’.
No comentário, a Fitch refere que o sistema financeiro “continua o seu caminho” de estabilização e está gradualmente a voltar à rentabilidade, suportada pela melhoria das tendências macroeconómicas, mas considera que o ‘stock’ de activos problemáticos dos bancos é grande. A Fitch acredita que as iniciativas legislativas, regulamentares e políticas “têm diminuído a probabilidade de apoio soberano” ao sector financeiro.
“Esperamos que a rendibilidade dos bancos seja apoiada por menores custos de financiamento, em particular para os depósitos, uma redução das despesas gerais na actividade doméstica, o resultado das operações internacionais e uma menor necessidade de constituir imparidades”, refere. A rentabilidade permanecerá fraca devido a “baixas taxas de juros e ao declínio nos spreads dos empréstimos”, estima a agência.
Millennium bcp
No que ao Millennium bcp se refere, a Fitch destaca a fraca qualidade de activos do banco, que “minam a rentabilidade e a capacidade interna de gerar capital”. A agência sublinha o rácio de crédito em risco do grupo, relativamente estável em 2014 e no primeiro trimestre de 2015. Contudo, sublinha a Fitch, o grau de cobertura no BCP foi inferior aos pares [concorrência].
BPI
O rating do Banco BPI reflecte os fracos ganhos domésticos. No primeiro trimestre do ano, os resultados só recuaram em Portugal, diz a Fitch, devido “a volumes de negócios mais baixos, taxas de juros e spreads, que foram parcialmente compensados por menores custos de financiamento”, na sequência do reembolso ao Estado em 2014 e ‘repricing’ dos depósitos.
A perspectiva futura do BPI evoluiu para “positiva”, reflectindo a oferta pública de aquisição lançada pelo CaixaBank. O controlo do BPI pelos catalães pode “resultar num provável aumento do apoio institucional” ao banco liderado por Fernando Ulrich.
Montepio
A Fitch explica que o rating do Montepio reflecte a frágil e volátil rentabilidade do banco e que a sua posição de capital se deteriorou. “A Fitch acredita que a rentabilidade do negócio bancário core continua fraco e altamente vulnerável aos custos não recorrentes”, tal como ficou patente nas perdas registadas em 2014.
Banif
No Banif, a agência destaca a queda nos rácios de capital do banco em 2014 e recorda a venda de activos em 2015, que deverá ter um impacto positivo de 1 ponto percentual no capital da instituição.
“No entanto, continuará a ser altamente expostos a activos problemáticos”, frisa. A qualidade de activos do Banif compara desfavoravelmente com os seus pares.
“O rating também tem em conta os consideráveis desafios de execução na implementação de um ambicioso plano estratégico, que ainda está pendente de aprovação final da Comissão Europeia”.
sandra.a.simoes@sol.pt