Fitch baixa rating de quatro bancos portugueses

A agência de notação financeira Fitch reviu em baixa o rating de quatro bancos portugueses: Millennium bcp, BPI, Montepio Geral e Banif. A empresa está preocupada com a rentabilidade do sistema bancário, que enfrenta um “risco contingente” em resultado da venda de Novo Banco. Poderá ser necessário compensar eventuais perdas decorrentes do processo de alienação…

A Fitch assume que no caso de existirem perdas elevadas com a venda do antigo BES, estas seriam diferidas ao longo de vários anos. Mas, ressalva, há ainda uma incerteza sobre o mecanismo a ser implementado para absorver esses prejuízos.

De acordo com o comunicado divulgado na página da agência, a classificação de longo prazo do Millennium bcp desceu dois níveis de ‘BB+’ para ‘BB-‘. O rating do BPI foi revisto de ‘BB+’ para ‘BB’, menos um nível. A notação do Montepio é agora de ‘B+’ face ao anterior ‘BB’, um recuo de dois níveis. Já o Banif recuou quatro níveis para ‘B+’ de ‘BB’.

No comentário, a Fitch refere que o sistema financeiro “continua o seu caminho” de estabilização e está gradualmente a voltar à rentabilidade, suportada pela melhoria das tendências macroeconómicas, mas considera que o ‘stock’ de activos problemáticos dos bancos é grande. A Fitch acredita que as iniciativas legislativas, regulamentares e políticas “têm diminuído a probabilidade de apoio soberano” ao sector financeiro.

“Esperamos que a rendibilidade dos bancos seja apoiada por menores custos de financiamento, em particular para os depósitos, uma redução das despesas gerais na actividade doméstica, o resultado das operações internacionais e uma menor necessidade de constituir imparidades”, refere. A rentabilidade permanecerá fraca devido a “baixas taxas de juros e ao declínio nos spreads dos empréstimos”, estima a agência.

Millennium bcp

No que ao Millennium bcp se refere, a Fitch destaca a fraca qualidade de activos do banco, que “minam a rentabilidade e a capacidade interna de gerar capital”. A agência sublinha o rácio de crédito em risco do grupo, relativamente estável em 2014 e no primeiro trimestre de 2015. Contudo, sublinha a Fitch, o grau de cobertura no BCP foi inferior aos pares [concorrência].

BPI

O rating do Banco BPI reflecte os fracos ganhos domésticos. No primeiro trimestre do ano, os resultados só recuaram em Portugal, diz a Fitch, devido “a volumes de negócios mais baixos, taxas de juros e spreads, que foram parcialmente compensados ​​por menores custos de financiamento”, na sequência do reembolso ao Estado em 2014 e ‘repricing’ dos depósitos.  

A perspectiva futura do BPI evoluiu para “positiva”, reflectindo a oferta pública de aquisição lançada pelo CaixaBank. O controlo do BPI pelos catalães pode “resultar num provável aumento do apoio institucional” ao banco liderado por Fernando Ulrich.

Montepio

A Fitch explica que o rating do Montepio reflecte a frágil e volátil rentabilidade do banco e que a sua posição de capital se deteriorou. “A Fitch acredita que a rentabilidade do negócio bancário core continua fraco e altamente vulnerável ​​aos custos não recorrentes”, tal como ficou patente nas perdas registadas em 2014.

Banif

No Banif, a agência destaca a queda nos rácios de capital do banco em 2014 e recorda a venda de activos em 2015, que deverá ter um impacto positivo de 1 ponto percentual no capital da instituição.

“No entanto, continuará a ser altamente expostos a activos problemáticos”, frisa. A qualidade de activos do Banif compara desfavoravelmente com os seus pares.

“O rating também tem em conta os consideráveis desafios de execução ​​na implementação de um ambicioso plano estratégico, que ainda está pendente de aprovação final da Comissão Europeia”.

sandra.a.simoes@sol.pt