"Nunca tivemos uma economia desenvolvida a pedir uma coisa desse tipo, uma falha do pagamento" das prestações do empréstimo, afirmou Christine Lagarde numa entrevista divulgada hoje pela agência financeira Bloomberg. "Espero que esse não seja o caso da Grécia. Não teria o meu apoio", sublinhou.
No início de maio, Atenas disse aos credores que poderia ficar sem dinheiro e falhar o reembolso de parte do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo fontes ligadas ao processo citadas pela Bloomberg.
Segundo a agência, a Grécia tem de pagar cerca de 1.000 milhões de dólares (cerca de 800 milhões de euros) em junho e se falhar o pagamento entra num clube de países que inclui o Zimbabué, a Somália e o Sudão, países que falharam pagamentos ao Fundo. Nos últimos 30 anos, o FMI não permitiu a país nenhum que atrasasse o pagamento de dívida, disse Lagarde.
Ao mesmo tempo, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês François Hollande deram um até ao final de maio para que a Grécia chegue a um entendimento no seu programa de ajuda financeira, apelando a que as conversações acelerem.
Merkel e Hollande, falando lado a lado depois de um encontro em Berlim, mostraram-se disponíveis para se encontrarem com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, esta semana, à margem da cimeira de Riga, escreve a Bloomberg.
Já o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou hoje que há progressos nas conversações entre a Grécia e as instituições credoras sobre o financiamento ao país, mas disse que continua "prudente".
Atenas e as instituições credoras do país (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) estão há vários meses em negociações sobre as reformas que o país deverá aplicar para que seja desbloqueada uma tranche de 7.200 milhões de euros do empréstimo concedido ao país em 2012, no âmbito do segundo programa de resgate.
Este financiamento é considerado vital para a Grécia cumprir as suas obrigações financeiras, mas o Governo grego, liderado pelo Syriza (esquerda radical), tem manifestado reservas em relação a algumas reformas pretendidas pelos credores que contrariam as suas promessas eleitorais.
Lusa/SOL