Na altura da tragédia o pai da jovem tetraplégica, José Eduardo Borges Leite, trabalhava em Angola na empresa Lobito Comercial, mas teve que voltar de imediato para Portugal, onde continua a cuidar da filha, que agora tem 21 anos.
Jovem estará presente no julgamento
Armanda, que precisa sempre da ajuda de outras pessoas para conseguir executar as suas rotinas, vai mesmo comparecer no julgamento, segundo confidenciou esta semana ao SOL o seu pai: “A Armanda vai comparecer pelo menos na primeira audiência, para que os magistrados se apercebam da situação em que ficou com o acidente”.
José Eduardo Leite afirmou esta semana que a sua filha “tem vindo a recuperar, mas devido à sua incapacidade é preciso que alguém assuma as responsabilidades”, explicando assim o motivo para esta acção judicial.
“Haverá ainda uma tentativa de conciliação entre todos, mas se não se concretizar um acordo, o julgamento começará mesmo muito em breve no Tribunal de Aveiro”, salientou José Eduardo Leite.
Pais de Angélico e dono de stand são réus
Armanda Vanuza Monteiro Leite, que reside com o pai em Fafe, no Norte de Portugal, é autora de uma acção judicial na qual reclama uma indemnização cível, que com juros atinge os seis milhões de euros. A acção, à qual o SOL teve acesso, tem como réus os pais de Angélico Vieira, enquanto herdeiros do filho, mas também o dono do stand de onde saiu o BMW acidentado.
Como o carro conduzido por Angélico não tinha seguro, é ainda réu neste processo o Fundo de Garantia Automóvel (FGA), do Instituto de Seguros de Portugal. Esta entidade pública assumiu a responsabilidade da indemnização pelo acidente e entretanto poderá exigir a verba aos pais de Angélico, ao dono do stand ou a ambos.
A advogada Ana Maria Abreu, que representa Armanda Leite, começa por salientar na acção judicial que a sua cliente “não teve qualquer responsabilidade no acidente”, que aconteceu na noite de 25 de Junho de 2011 na auto-estrada A1 (que liga Lisboa ao Porto), perto de Estarreja.
De acordo com a advogada, a jovem “sofreu um traumatismo crânio-encefálico grave e ainda um traumatismo cervical”, entre outros ferimentos que acabaram por a impossibilitar de trabalhar. Mais difíceis de suportar até do que o facto de não poder ter uma profissão – aos 17 anos, quando sofreu o acidente, já era manequim – são as consequências no seu dia-a-dia. Tem de usar fralda e desloca-se apenas em cadeira de roda. Segundo fontes que o SOL contactou esta semana, “até deixou de ir à praia com vergonha do seu corpo”.
Tragédia mediática
A morte do cantor e actor Angélico Vieira, de ascendência angolana, transformou-se numa maratona processual em várias comarcas judiciais portuguesas e não apenas no Tribunal de Aveiro.
O despiste, ocorrido em excesso de velocidade (a mais de 200 quilómetros por hora) tirou a vida ao próprio condutor do automóvel, que ainda foi transportado com vida para o hospital. Morreu três dias depois.
Com a vedeta da série televisiva portuguesa Morangos com Açúcar seguia o jovem angolano Hélio Jonilson Van Dunem Filipe, que faleceu de imediato na sequência do despiste que destruiu o automóvel. Armanda, a namorada, ainda ficou alguns meses no hospital em coma, tendo uma recuperação reduzida e demorada. Apenas Hugo Pinto, o passageiro que viajava ao lado de Angélico, saiu do acidente com ferimentos ligeiros.