A serotonina é uma pequena molécula conhecida por estar envolvida em várias funções do cérebro, desde o controlo do sono e do apetite até à regulação de comportamentos emocionais complexos. Mas ainda não são claros os mecanismos através dos quais esta molécula actua. O grupo de investigação de Zachary Mainen tem-se dedicado ao seu estudo e já desvendou o papel da molécula na sensibilidade à dor.
Estudos preliminares do grupo de Mainen sugerem que a serotonina tem um efeito significativo sobre a actividade neural em curso: “Observamos que a serotonina atua como um supressor das chamadas áreas cerebrais superiores, ou seja, as áreas que se pensa serem importantes para o armazenamento do conhecimento existente e das nossas expectativas em relação ao mundo”, diz o investigador, citado num comunicado da Fundação Champalimaud.
Os resultados levaram a equipa a propor um conjunto de experiências nas quais tentarão testar “se a serotonina actua para suprimir expectativas quando estas entram em conflito com a informação sensorial que chega ao cérebro. Com esta bolsa do ERC, vamos poder desenhar e realizar experiências que irão abordar os diferentes ângulos desta importante questão computacional, ao mesmo tempo que iremos poder desenvolver e utilizar tecnologia de ponta para estudar, com um detalhe sem precedentes, como é que a serotonina afecta a codificação neural e a tomada de decisão.” A eficácia dos antidepressivos, que se dirigem, justamente, à serotonina, também vai estar em estudo.
Mainen, um neurocientista que há muito estuda os mecanismos cerebrais de tomada de decisão, mudou-se do laboratório Cold Spring Harbor em Nova Iorque para Lisboa em 2007, fundando o Programa Champalimaud de Neurociências naquela Fundação. Actualmente é director da Champalimaud Research.