Oficial violou normas da Polícia

O subcomissário Filipe Silva, que agrediu um adepto benfiquista à frente dos filhos menores, em Guimarães, tem contra si todas as normas internas da Polícia e, garantem ao SOL fontes policiais, “vai ter muita dificuldade em justificar esta atitude, até porque tinha todas as condições para fazer uma detenção em segurança”. 

José Magalhães foi atirado ao chão pelo oficial, que o atingiu primeiro com um bastão de ordem pública e depois, já o empresário estava imobilizado, com um bastão extensível (de aço, que raramente é usado, até por elementos do Corpo de Intervenção). 

Ora, mesmo que a vítima lhe tivesse cuspido, como alegou o subcomissário, este nunca poderia ter usado esta arma e muito menos da maneira como o fez (atingindo os ombros e costas da vítima). “O bastão só se justifica quando há uma agressão em curso ou uma potencial agressão (se, por exemplo, o senhor tivesse levantado o braço). E quando se usa deve ser sempre nos membros inferiores”, explica a mesma fonte policial. Neste caso, acrescenta, a técnica de mãos livres e algemagem seria suficiente para fazer a detenção.

O oficial, de 31 anos, enfrenta agora três processos: um disciplinar, outro em curso na Inspecção-geral da Administração Interna (IGAI) – que vai analisar se houve uso excessivo e desproporcionado da força – e outro de âmbito criminal, uma vez que o empresário  apresentou queixa contra ele. Caso se prove que violou as normas, pode ser alvo de uma pena de suspensão ou de expulsão. 

Natural e residente em Guimarães, o subcomissário começou por chefiar a esquadra de Rio de Mouro, em Sintra, passou pela divisão de trânsito do Porto e daí seguiu para o comando de Braga, onde liderou a esquadra de Intervenção Rápida. Actualmente, comanda a esquadra de investigação criminal de Guimarães e a PSP já fez saber que para já não vai suspendê-lo de funções. Filipe Silva não tem ficha disciplinar e é apreciado por muitos pares em Braga. “Só não gostam dele os que habitualmente não cumpriam, estavam mal habituados e aproveitam esta oportunidade para atacá-lo internamente”, dizem fontes daquele comando.

Claques não estiveram envolvidas no assalto  

De resto, a PSP de Braga rejeita “qualquer tipo de responsabilidade” na pilhagem que aconteceu numa arrecadação do estádio do Guimarães, após o jogo com o Benfica. “Cabe-nos a segurança das pessoas e dos bens que estão à mercê dos adeptos, como as cadeiras, por exemplo, a não ser que nos solicitem expressamente uma atenção especial a algo – o que não foi o caso”, disseram ao SOL fontes oficiais daquele comando.

As primeiras informações davam conta de uma eventual falha dos spotters da PSP que acompanhavam a claque do Benfica, mas tudo indica que os autores do furto não são de qualquer claque, mas sim grupos de amigos e familiares. Os spotters “estiveram sempre com as claques” e a do Benfica “foi sempre enquadrada na viagem de ida e volta”, garantiram ao SOL fontes policiais, a propósito dos incidentes entre adeptos dos dois clubes, antes do início do jogo.

Segundo o relatório da PSP de Braga, estes desacatos ocorreram quando surgiu um grupo de adeptos do Benfica que se envolveram em picardias com aficcionados do Guimarães. A PSP sublinha que tais adeptos não eram membros das claques dos clubes.

sonia.graca@sol.pt