Há dez anos, eram menos de metade as pessoas com carências alimentares que recebiam apoio, ou seja, 200 mil. Entre 2008 e 2009, altura em que começou a crise económica, os números dos apoiados pelo Banco Alimentar começaram a aumentar drasticamente e não pararam de crescer. Segundo dados a que o SOL teve acesso, entre Dezembro de 2010 e 2011, juntaram-se mais 40 mil pessoas ao número de beneficiários desta ajuda alimentar. Esta subida aconteceu ao mesmo tempo em que foram abertos novos bancos alimentares em Viseu, Viana do Castelo, Beja e Terceira.
Mas a dimensão da fome em Portugal não se expressa apenas por estes dados. Além das 28 mil toneladas de alimentos que em 2014 foram distribuídos às famílias, em forma de cabaz alimentar ou refeição, pelas 2389 instituições sociais que colaboram com os bancos alimentares, muitas outras milhares de refeições foram servidas às pessoas mais carenciadas através das cantinas sociais. Esta resposta financiada pelo Estado, e completamente independente do Banco Alimentar, funciona já em 800 pontos do país, alguns dos quais com capacidade para dar 100 refeições por dia.
“As carências alimentares são um problema social que existe 24 horas por dia e sete dias por semana, e que continuam a afectar muitas pessoas”, afirma Isabel Jonet, presidente da Federação de Bancos Alimentares. Por isso, a responsável nacional dos bancos apela ao contributo dos portugueses na próxima campanha de recolha de alimentos que decorrerá no próximo fim-de-semana nos supermercados de todo o País.