"Não me vou referir a processos judiciais dos quais não tenho nenhum conhecimento neste momento. Este estudo tinha um objetivo que era estudar a qualidade das instituições portuguesas. Seguiu o método etnográfico, chegou a bom porto, tem as suas conclusões publicadas, acho que se cumpriu a missão", disse Nuno Garoupa.
O responsável falava aos jornalistas à margem da apresentação, em Lisboa, do estudo "Valores, qualidade institucional e desenvolvimento em Portugal", encomendado pela fundação.
O estudo revela que o Hospital de Santa Maria está minado por uma teia de interesses e lealdades a partidos políticos, à maçonaria e organizações católicas.
O presidente do Hospital Santa Maria, em Lisboa, admitiu hoje processar os autores do estudo encomendado, cuja a análise apresenta esta unidade de saúde como estando minada pela corrupção.
Questionado sobre a intenção do Hospital de Santa Maria de processar a Fundação Francisco Manuel dos Santos, Carlos Martins foi perentório: "Não descarto nenhuma hipótese, nenhuma em absoluto".
Na quarta-feira, a organização Opus Dei desmentiu "categórica e integralmente" as afirmações que constam do estudo de que nos processos de nomeação dentro do Hospital de Santa Maria interferem "dinâmicas externas próprias à sociedade portuguesa — como (…) a Opus Dei".
Nuno Garoupa afirmou que, quer as reações da Opus Dei, quer do Hospital de Santa Maria "não surpreendem no sentido em que são agentes do espaço público visados no trabalho e é normal que reajam ao trabalho".
"O que não faz sentido é dizer que um estudo ia ser confidencial, a fundação não faz estudos para eles serem confidenciais. O que não quer dizer que as conclusões do estudo tenham de agradar a todos", declarou o responsável,
Rejeitando que haja "censura" no seio da fundação, Nuno Garoupa afiançou que "a fundação não só não faz estudos confidenciais – o que não pode impedir de forma nenhuma – […] e nunca fez nem nunca faz censura aos estudos encomendados aos autores".
O Hospital de Santa Maria foi a organização mais mal classificada entre as seis analisadas no estudo (Autoridade Tributária, ASAE, EDP, Bolsa de Lisboa, Hospital de Santa Maria e CTT), destacando-se essencialmente na avaliação sobre inovação e flexibilidade tecnológica.
O estudo envolveu vários investigadores e foi coordenado pela professora da Universidade Nova de Lisboa Margarida Marques e pelo professor da Universidade de Princeton Alejandro Portes.
Lusa/SOL