Subcomissário da PSP de Guimarães mal-amado pela ‘tribo do futebol’

O subcomissário Filipe Silva, da PSP de Guimarães, que está com o processo disciplinar por ter agredido dois adeptos do Benfica, à frente dos dois filhos e netos das vítimas, já era mal-amado em Braga pela ‘tribo do futebol’, em especial pelas claques das equipas.

Se foi a sua determinação em conter os ímpetos e a violência gratuita das claques de futebol um dos motivos principais do louvor que estava previsto receber esta semana e que entretanto foi suspenso, pelo menos até à conclusão do processo disciplinar, o mesmo futebol foi o percalço de uma carreira que poderá ser prejudicada com estas agressões em Guimarães.

Oriundo da Divisão de Trânsito da PSP do Porto, o subcomissário teve em Braga o seu primeiro serviço aquando de uma visita do primeiro-ministro, Passos Coelho, ao Complexo Industrial da Grundig, um esteio dos sindicalistas ainda antes do 25 de Abril de 1974. De início teve resistências, especialmente dos agentes mais velhos, mas em pouco tempo “revelou-se um líder nato, que tanto escasseiam na PSP”, dizem.

“Nunca tivemos um comandante tão bom como o subcomissário Filipe, mas bem cedo percebemos que iria ser por pouco tempo, porque ele começou a incomodar muito boa gente e interesses instalados em Braga”, salientou um agente da PSP, que entretanto já não integra a Esquadra de Intervenção e Fiscalização Policial à data sob o seu comando.

Um dos primeiros choques do jovem oficial com a claque do Sporting de Braga surgiu a partir do momento em que não deixava entrar no Estádio AXA adeptos com excesso de álcool, cumprindo-se a lei que proíbe mais de meio grama de álcool por litro de sangue.

“Como dentro do estádio só se vendia cerveja sem álcool, muitos vinham cá fora, durante o intervalo, às roulottes, onde tomavam bebidas alcoólicas, entrando com outros bilhetes guardados nas próprias roulottes, mas o subcomissário trocava-lhes as voltas”, segundo explicou ao SOL um graduado do Comando Distrital da PSP de Braga. 

Ainda na PSP de Braga foi destacada uma acção do mesmo oficial que impediu uma numa “rave” durante os festejos da Noite de São João, em 2013, tendo dispersado os suspeitos. Nessa noite com todos os 30 polícias que tinha às suas ordens, o jovem subcomissário cercou os potenciais assaltantes, isolando-os e conduzindo-os ao perímetro urbano da cidade dos arcebispos. “Todos nós fomos trabalhar voluntariamente, porque não sabíamos dizer que não ao nosso subcomissário, ele positivamente tinha-nos na mão”, recorda outro agente da PSP, fazendo questão de destacar “ter idade para ser pai dele”.

Por outro lado, fez uma rusga aos próprios “seguranças” do Enterro da Gata, em Braga, apreendendo droga e armas a alguns dos elementos da empresa de segurança, incluindo o próprio responsável da firma privada, um escândalo ainda hoje mal digerido em Braga. Seria depois destacado para Guimarães.