Segurança Social tem dinheiro para tudo menos pensões

A Segurança Social foi criada para pagar pensões de reforma (papel mais acentuado após a fusão com a estatal Caixa Nacional de Aposentações). E nunca lhe faltou dinheiro para isso. Os Governos é que se habituaram a ir àquele cofre cheio, tirar verbas para financiarem as mordomias políticas e outros défices orçamentais. E esforçaram-se (aparentemente…

Segundo os últimos dados do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social publicados pelo Banco de Portugal, o valor pago em pensões até começou a baixar – o que é natural depois dos cortes radicais feitos por este Governo. Entretanto, os Executivos continuam a rapar os cofres da Instituição, quer para mordomias políticas, quer para défices orçamentais genéricos por esses mesmos Executivos provocados – quer até para projectos futuros de Obras Públicas (como sucede nalgum programa eleitoral de Governo, embora aqui explicado como investimento mais rentável do que o seu uso na dívida pública, como tinha decidido Vítor Gaspar).

Há dias, numa audiência da Juventude do PSD, a ministra das Finanças, manifestando sempre preocupação pela sustentabilidade desta Segurança Social tão mordiscada (há até ideologicamente quem conteste a atribuição de pensões de reforma, achando que cada um deve fazer pela vida – como Thatcher, cujo pai fez pela vida com uma Mercearia, podendo já ela com isso fazer a vida de outra maneira), para descansar a rapaziada assim anestesiada pela ideologia dominante, anunciou novos cortes das pensões de cerca de 600 milhões de euros (quase os mesmos 700 e tal milhões cortados em 4 anos, dentro dos programas combinados com a troika). Fugiu-lhe a boca para a verdade das intenções, embora a coligaçãoo se mostrasse logo embaraçada e contrariada, pronta a desmenti-la e a fazer-se desmentir.

Logo houve quem achasse que a ministra, podendo ser competente a actuar, não o era a falar. Por mim, prefiro-a a falar (embora seja pouco política, e até por isso, diz honestamente o que pensa vir a acontecer, se o seu Governo continuar, deixando-nos mais preparados para escolher), do que a actuar. Claro que depois lá teve de ir ao Parlamento desdizer-se, e o primeiro-ministro garante compungido não ter propostas nessa área.