Os “viveiros” do golfe nacional

Os futuros campeões amadores ou profissionais de golfe de Portugal estão a ser preparados e treinados, e vão destacar-se de entre as centenas de crianças que frequentam as muitas escolas de golfe, em todo o País. As principais escolas do golfe nacional, que funcionam nos clubes com campo ou apoiados por campos, registam um significativo…

A inscrição nas escolas dos clubes tem custos anuais quase simbólicos e em alguns casos o ensino é gratuito. Actualmente, cerca de mil alunos, com idades entre os 5 e os 18 anos frequentam as aulas semanais nos campos de golfe de todo o País. Nas competições oficiais, as principais escolas fazem-se notar sempre pela diferença, com equipamento igual para todos os jogadores e sempre acompanhados pelo treinador. Entre os principais técnicos, destacam-se Joaquim Sequeira (Vilamoura), Eduardo Maganinho (Oporto), Nelson Ribeiro (Miramar) e, até há pouco tempo, Patrícia Brito e Cunha, agora em Lisboa.

Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor

O Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor é a única escola sem clube. O ensino é por etapas, seguindo o método TPI Júnior. Depois de obterem o handicap, e estarem preparados para jogar no campo, estes jovens tornam-se membros de um clube para prosseguirem a evolução. “O nosso objectivo é divulgar a modalidade, introduzir estes jovens no golfe, torná-los praticantes amadores e levar alguns à alta competição”, refere Luís Costa Macedo, director do Centro de Formação do Jamor, salientando que, além do ensino prático, todos os alunos têm introdução às regras e etiqueta.

CG de Vilamoura

O CG de Vilamoura é uma das escolas de golfe de referência, e a maior, a nível nacional. A sua escola de formação tem 186 alunos, dos 6 aos 18 anos, divididos em vários escalões, e o Grupo Élite tem 12 jovens de alta competição. O clube, que tem o apoio do Grupo Oceânico, conta com seis profissionais e todo o programa de ensino das escolas é coordenado por Jorge Baptista. A evolução dos jovens alunos é seguida por dois “olheiros” que definem a passagem dos melhores talentos aos escalões seguintes. “O objectivo fundamental é subir de escalão, até ao máximo. Temos um campeonato interno para ter acesso à élite e, neste escalão máximo, temos uma competição para apurar os representantes do clube nas provas mais importantes, nacionais ou internacionais”, disse o director das escolas, Jorge Baptista.

O CG de Vilamoura tem um vasto historial com títulos nacionais, individuais e por equipas, e foi, até agora, o único clube português a ganhar a Taça dos Clubes Campeões da Europa, onde averbou também dois segundos lugares. Alguns dos melhores jogadores nacionais foram formados no clube: Ricardo Santos, Hugo Santos, Ricardo Melo Gouveia, António Rosado, Vitor Lopes, João Carlota, António Castelo, Inder van Weerelt, entre muitos outros. O CG Vilamoura tem ainda um protocolo com a autarquia de Loulé, que visa apoiar todas as escolas do concelho que queiram proporcionar o ensino do golfe aos seus alunos. Todas as quartas-feiras há aulas gratuitas no Oceânico Laguna e aos sábados as escolas do clube estão também abertas a receber estudantes do concelho.

Oporto GC

O Oporto GC, em Espinho, com o primeiro campo em Portugal e o terceiro na Europa, é também uma das principais escolas nacionais e com um fabuloso currículo pelos muitos títulos ao longo dos anos. O profissional Eduardo Maganinho é a “alma” no ensino do clube desde há trinta anos, já “moldou” muitos campeões e o seu nome irá figurar no livro de ouro do clube. Por outro lado, nota-se, aqui, a falta de continuidade de muitos jogadores, que até aos sub-21 se destacaram e ganharam títulos individuais ou por equipas, mas que depois “desaparecem” do golfe, devido à opção dos estudos e de uma carreira. “Sempre foi assim e continua. Quando chegam à universidade acaba um ciclo”, disse Eduardo Maganinho à GOLFE. O Oporto é o clube que mais ajuda os jovens interessados no golfe e desde que o empresário Manuel Violas assumiu a presidência foram proporcionadas mais condições destinadas ao escalão da juventude. Um campo de futebol relvado, um campo curto, específico para a formação, e aulas de golfe gratuitas, não apenas para os sócios mas para outros jovens da região sem ligação ao Oporto. Eduardo Maganinho e o seu irmão são os professores das escolas que contam actualmente com 20 crianças, dos 6 aos 11 anos, e 35 alunos, dos 14 aos 17 anos. Há, ainda, o grupo de alta competição que representa o Oporto nas competições e todas as semanas, às quartas-feiras, um grupo de alunos do agrupamento de escolas Dr. Manuel Laranjeira, de Espinho, tem aulas de golfe, também gratuitas. Estas aulas estão integradas no protocolo assinado pela FPG com as escolas, visando promover a prática do golfe entre os jovens.

CG de Miramar

O CG de Miramar tem hoje a maior escola na região Norte, com 98 jovens com idades entre os 4 e 20 anos e oriundos praticamente de toda a região – Vila Real, Aveiro, Gaia, Coimbra, Porto, Viana, etc. Os alunos estão divididos em duas fases, com a primeira a cargo de Sérgio Ribeiro e a segunda, os 36 alunos mais evoluídos, a cargo de Nelson Ribeiro, com aulas individuais entre terça-feira e domingo. Os dois profissionais contam com o apoio de um psicólogo e um preparador físico. Entre os jogadores mais destacados de Miramar conta-se a campeã Susana Mendes Ribeiro, Leonor Bessa, Pedro Lencarte, Tomás Bessa ou Renato Ferreira, e nos escalões mais novos começam já a despontar grandes valores.

Clube de Golf Santo da Serra

O Clube de Golf Santo da Serra é outro dos mais históricos do país. A academia funciona ao fim-de-semana e conta com cerca de 90 jovens, dos quatro aos 17 anos. “Os atletas são agrupados consoante a idade e o nível de jogo”, explica Vítor Franco, que coordena a academia. Com dois técnicos exclusivamente dedicados à formação – João Pedro Sousa e João Góis – e o apoio do ‘head profissional’ Dara Ford, o clube tem um grupo de competição com, aproximadamente, duas dezenas de jovens. O mais promissor é Carlos Laranja, um jovem de 15 anos, que vai jogar o Madeira Islands Open, torneio do European Tour.

Academia Júnior da Quinta do Peru

A Academia Júnior da Quinta do Peru, coordenada pela profissional Cláudia Dantas, conta agora com 40 jovens alunos, entre os 4 e os 18 anos, divididos em quatro níveis, com destaque para os Tigers, os mais evoluídos. O jovem profissional Pedro Figueiredo é uma das referências desta Academia, tal como Magda Carrilho, Sofia Câmara e a actual campeã nacional de sub’12, Leonor Medeiros, cujo sonho é ser um dia profissional. Dos 40 alunos, 16 participam já no Circuito Drive.

CG do Estoril

As escolas do CG do Estoril registam, também, um grande sucesso e é já habitual ver os jovens alunos a disputar os torneios do clube, ao lado de veteranos. A Escola, coordenada por Miguel Nunes Pedro que tem o apoio de outro profissional, Filipe Gamito, tem 80 alunos entre os 6 e os 18 anos. “O objectivo é ensinar e preparar os miúdos para integrarem a lista de competições do clube”, referiu Miguel Nunes Pedro que é também o responsável pela equipa de competição do CG Estoril, com dez jovens da alta competição. Cada aluno não sócio paga 175€/ano, que inclui seguro e todos os meses os alunos disputam um torneio. “Tem havido uma grande adesão de jovens à prática do golfe, mesmo não sendo sócios do clube. Nota-se que os miúdos vêm porque gostam e não porque são obrigados pelos pais, como antigamente”, acrescentou Miguel Nunes Pedro, cujo lema no ensino é “aprendam, divertindo-se”. Entre os alunos do Estoril destacam-se dois jovens: Tomás Silva, campeão nacional em 2014 e José Maria Caeiro, vencedor de um torneio Liberty.

Nomeadas aqui, estão algumas das escolas nacionais com maior destaque. Contudo, existem mais ainda com foco no constante desenvolvimento e crescimento do golfe, também elas relevantes dada a importância da divulgação e prática da modalidade, como um bem comum para o golfe em Portugal.

 

Artigo escrito por Valdemar Afonso ao abrigo da parceria entre a Revista GOLFE Portugal & Islands com o Jornal SOL.