Uma auto-estrada para a dança

Após anos cinzentos, a dança tem ganho um novo fôlego no Porto e arredores. Em Setembro de 2014, a reabertura do Rivoli como teatro municipal devolveu à cidade o seu palco de excelência nesta área; em Vila Nova de Gaia, nasceu o A22, num antigo armazém de vinho do Porto, em plena zona histórica e…

“Este espaço é muito menos institucional, com menos regras. É quase uma antecâmara de qualquer apresentação no Rivoli. Aqui pode-se experimentar, arriscar e apresentar algo que nem está bem acabado”, explica a directora Ana Carvalho. O A22 (ou Armazém 22, situado no mesmo número da Rua de Guilherme Braga) está integrado no Espaço Sacramento, coabitando com a escola de dança Ginasiano, que tem cerca de 800 alunos. Contudo, não falta área: são 652 m2, incluindo duas salas de ensaio e um dos maiores palcos técnicos de dança do país, extensível até aos 240 m2. A plateia, com 120 lugares, é um objecto escultórico construído pela artista plástica Gabriela Gomes, feito com antigas cadeiras de escola recicladas, assentes em paletes e revestidas com 26.800 triângulos de burel.

O A22 será o espaço primordial de apresentação da Kale, cuja equipa inclui cinco bailarinos profissionais, mas prevêem-se muitos acolhimentos e residências, de artistas nacionais e estrangeiros, além da abertura a outras áreas artísticas, numa linha de programação chamada Itinerário Complementar. “Queremos parcerias duradouras e tempos lentos. Não nos interessa ter um espectáculo que fique apenas um dia, porque isso não forma públicos”, assume a responsável.

A programação até final de Julho está definida e inclui a apresentação de espectáculos do Ballet Contemporâneo do Norte e das companhias de teatro Palmilha Dentada e As Boas Raparigas.