Os pais dos recém-nascidos estão a ser informados de que serão convocados quando a situação estiver resolvida – mas muitos bebés terão nessa altura de fazer análises médicas, pois a vacina tem de ser feita nos primeiros dois meses e é preciso verificar o estado imunológico da criança.
“O meu filho nasceu a 9 de Maio e não consigo encontrar a vacina. A informação que temos é que talvez chegue em Julho. Mas isso já passou o tempo recomendado”, diz ao SOL o pai de um recém-nascido, explicando que por precaução colocou o filho de quarentena, em casa.
A subdirectora-geral de Saúde, Graça Freitas, admite que neste momento não há vacinas, por ter havido uma “falha no laboratório” público que a produz, na Dinamarca. “Temos a informação de que os lotes poderão chegar em Julho”, refere ao SOL, acrescentando que não há, porém, motivos para alarme. Graça Freitas garante que a situação apenas é preocupante para as crianças que têm contacto com familiares ou amigos com tuberculose activa. “Se esse for o caso, então devem dirigir-se ao médico e explicar”, diz a especialista.
Listagem com bebés
Já o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Carlos Robalo Cordeiro, garante que até aos “três meses” os bebés podem ser vacinados com a BGC, admitindo, no entanto, que o caso se tornará mais problemático se as falhas se prolongarem para além do mês de Julho.
Segundo Robalo Cordeiro, os centros de diagnóstico pneumológico, responsáveis pelo acompanhamento da tuberculose, estão a fazer uma listagem com os nomes e contactos dos recém-nascidos com a vacina em falta, de forma a poderem ser convocados quando os lotes chegarem.
Este problema surge num altura em que pela primeira vez Portugal conseguiu sair da lista de países em que a incidência da tuberculose ainda é significativa. Segundo dados da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), até agora havia 22 novos casos por ano por 100 mil habitantes. “Mas agora baixou para 18,7”, explica o presidente da SPP, referindo-se aos 1.940 novos casos notificados em 2014.
Aliás, o facto de o número de casos de tuberculose ter descido, levou a que neste momento os peritos da Direcção-geral da Saúde estejam a debater o futuro da vacina BGC. “Está a discutir-se se deve continuar a ser recomendada para todas as crianças ou só para as de risco, e se devemos comprar outra vacina que não esta, entre outras opções”, adianta ao SOL Graça Freitas.
Apesar dos números animadores, nos últimos dias surgiram notícias de dois novos casos de tuberculose na prisão de Beja e na de Guimarães.