As coisas começam a acalmar para Manuel Fernandes, o vencedor da segunda edição do MasterChef Portugal, na TVI, após uma semana de euforia. No sábado passado foi transmitida a final (vista por 1 milhão e 145 mil espectadores), em que o arquitecto de 33 anos nascido em Coimbra venceu o concurso, mas a gravação já tinha sido a 23 de Março. Durante estes dois meses e meio poucas pessoas sabiam quem chegou à final e venceu. Muita gente o parava na rua para saber se era ele e os amigos recorriam a técnicas de tortura para arrancar a confissão.  “Vou ter que escrever um texto a pedir desculpa a toda a gente a que menti porque o vencedor está obrigado a sigilo até à transmissão”, ironiza.

Agora, após as comemorações finalmente públicas e partilhadas,  é o momento da preparação para a fase seguinte, que é a entrada a 28 de Setembro na Cordon Bleu de Madrid – um franchising da célebre escola de Paris, aberto há quatro anos na capital espanhola –  e onde ao fim de nove meses o português trará (muito provavelmente) o Grand Diplôme, o mais importante canudo em Culinary Arts do mundo. O valor monetário do prémio é de 36 mil euros e a formação é super intensa e exigente. Além da satisfação do ego e do reconhecimento público é este o prémio principal do concurso da TVI.

Hoje, e porque quer ir “o mais bem preparado possível desde a primeira aula” e não quer “atrapalhar os outros por causa de falhas de vocabulário”, Manuel Fernandes terá mais uma sessão de três horas de aulas privadas de castelhano, com o mesmo professor espanhol que preparou a anterior vencedora do MasterChef Portugal, Rita Elói Neto. Rita ainda está em Madrid até ao final de Junho, altura em que acaba o ano lectivo. E Manuel já está em contacto com ela .”A Rita tem-me dado dicas. Até porque há uma coisa engraçada em comum, somos os dois arquitectos de formação”. E hoje, também, Manuel irá buscar ao aeroporto uma grande amiga arquitecta que, por causa da crise do sector em Portugal, emigrou para a Cidade do México.

Véspera de Santo António de Lisboa é sinónimo de arraial. Na noite de ontem, o dono do título Masterchef 2015 esteve num pátio do Príncipe Real a ouvir marchas populares e a despachar sardinhas com um grupo de amigos. Um destes dias planeia  ir à Cevicheria, o restaurante do chefe Kiko especializado no peixe marinado da América do Sul, também no Príncipe Real. Manuel Fernandes está curioso, precisa de inspirar-se e adora peixe. 

Mas domingo será dia de trabalho a sério ao fogão. “Outro dos prémios é a edição de um livro com cerca de 30 receitas e é preciso começar já a trabalhar nisso”. Um ou outro amigo entrará em casa e irá submeter-se às experiências culinárias. E depois dos ensaios empíricos, lá para quarta, irá sentar-se e escrever as receitas. E é também nesta semana que receberá o mágico telefonema da Cordon Bleu Madrid a avisar que a sua inscrição está confirmada. Irá ainda continuar a pesquisar um apartamento em Madrid no site idealist.es (se é que já não o encontrou) e planear um visita muito em breve à cidade para tratar dos pormenores da sua mudança no final do Verão. Entretanto, terá ainda que juntar algum dinheiro para aguentar-se em Espanha: “Vou procurar show cookings ou coisas que surjam de arquitectura”. Para já, vai fazer o projecto de uma esplanada para um restaurante, juntando as duas áreas que o interessam mais, embora neste momento seja a culinária o amor mais forte: “Na arquitectura temos que esperar muito para ver o resultado, aqui há uma satisfação quase imediata”. 

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