Num relatório publicado antes da conferência do clima, em Dezembro, em Paris, a AIE disse que podia ser feito mais para atingir o objectivo de manter a subida média da temperatura global abaixo dos dois graus centígrados.
Os compromissos atuais "terão um impacto positivo nas tendências energéticas futuras, mas ficarão aquém da necessária correcção para respeitar o objectivo dos dois graus", indica o relatório, apresentado em Londres.
O estudo afirma que será registado um aumento médio da temperatura global em cerca de 2,6º até 2100, defendendo que o aumento pode subir até aos 4,3º nos países do hemisfério norte.
"O sector energético deve desempenhar um papel crítico para que os esforços na redução das emissões [dos gases com efeito de estufa] tenham êxito. A produção e utilização de energia representa dois terços das emissões mundiais de gases com efeito de estufa" (GEE), disse a directora executiva da AIE, Marie van der Hoeven.
O principal economista da agência, Fatih Birol, alertou que os desastres causados por condições meteorológicas adversas serão "cada vez mais frequentes" devido ao aumento da temperatura, com África a ser particularmente afectada, apesar de uma reduzida contribuição para o problema.
Van der Hoeven sublinhou, por seu turno, "não haver tempo a perder", já que "o custo e a dificuldade das medidas atenuantes das emissões de gases com efeito de estufa aumentam todos os anos".
Apesar do "crescente consenso entre os países de que chegou a altura de actuar", é necessária grande vigilância para garantir que os compromissos são adequados e mantidos, acrescentou.
A AIE apresentou cinco medidas essenciais para controlar as emissões globais relacionadas com a produção e utilização de energia em 2020: melhorar a eficiência energética em sectores industriais fundamentais, reduzir o uso de centrais energéticas alimentadas a carvão, aumentar o investimento nas tecnologias de energia renovável, reduzir gradualmente os subsídios aos combustíveis fósseis e uma redução das emissões de gás metano na produção de petróleo e gás.
"Esta etapa decisiva é possível se recorrermos apenas a políticas e tecnologias com provas dadas e sem alterar as perspectivas económicas e de desenvolvimento de nenhuma região", de acordo com a AIE.
Os países estão a preparar um encontro crucial em Paris, a 21.ª conferência das partes (COP21), no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês), que agrupa 195 nações.
No início do ano, a UE aprovou formalmente as metas de redução de GEE para a conferência de Paris, incluindo uma redução de 40% nos GEE até 2030, relativamente aos níveis de 1990.
Os Estados Unidos, responsáveis por 12% das emissões globais de GEE, anunciaram a intenção de reduzir os GEE entre 26 e 28% em 2025, relativamente aos níveis em 2005.
A China, a segunda maior economia do mundo e responsável por 25% das emissões globais, definiu o pico das emissões de GEE para "cerca de 2030", mas não prometeu quaisquer reduções.
Lusa/SOL