É certo que o não ter ouvido os interessados não lhe fica bem. Mas ouvi-los melhoraria as coisas? Haveria sempre uns a arder, e outros beneficiados.
Seria possível um critério tão objectivo que o evitasse? Gostos não se discutem – educam-se (como já diziam os meus pais). Não é critério que sirva para aqui, portanto.
Inovação, pode ter ou não qualidade: também não serve.
Originalidade, pode ser horrível em todos os sentidos: não serve igualmente.
Compadrio político é feio.
Qual o critério então a seguir? Eu sei lá! Lembro-me sempre de um actor famoso dizer que o teatro acabara em Portugal por causa do excesso de subsídios – que permitira a cada um dos mais famosos ir fazer a sua capelinha, impedindo a existência de uma companhia grande e boa.
Subsidiar os clássicos, feitos da forma mais clássica, por gente de muito prestigio, parece ser a fórmula adoptada em mais países do mundo.
Já ouvi por cá dizerem que o melhor é subsidiar quem tem muito público. Mas esses não precisam de subsídios, porque devem ganhar dinheiro. No entanto, a falta de público, embora possa ser um critério lógico, não pode ser único – não vá dar azo a coisas indesejáveis.
Enfim, seja lá qual for o critério, quem fica a perder são os contribuintes, com o seu dinheiro a arejar por aí quem mais os despreza.