Jeb quer ser Presidente dos EUA sem ajudas da família

Tem um apelido forte na política norte-americana, mas o seu cartaz eleitoral apresenta-o apenas como Jeb. Mais precisamente Jeb2016, para referir o ano das próximas presidenciais do país. O filho do 41.º Presidente dos EUA e irmão do 43.º anunciou esta segunda-feira em Miami a intenção de suceder a Barack Obama e assim se tornar…

Jeb Bush defende que nenhum candidato “merece o cargo pelo currículo, partido, experiência ou família”. O terceiro mais velho entre os seis filhos do ex-Presidente George H. W. Bush diz que “não chegou a vez de ninguém. É um teste para todos e bem aberto – tal como uma corrida à presidência deve ter”.

 

 

E não foi ao acaso que a cidade de Miami foi escolhida para formalizar uma candidatura já ‘anunciada’ há mais de meio ano. Jeb Bush foi governador da Florida entre 1999 e 2007 e a herança do voto latino, conquistado por Obama nas últimas duas eleições, é um objectivo que não esconde: “Como candidato, pretendo que todos ouçam a minha mensagem, incluindo aqueles que podem expressar o seu amor pelo país noutra língua”, disse em inglês, e repetiu em espanhol, no discurso com que brindou as cerca de três mil pessoas presentes.

Os 30 minutos serviram mais para lembrar o seu currículo profissional do que a história pessoal. “Depois da reformar a Educação na Florida, os nossos estudantes mais desfavorecidos melhoraram as notas mais do que em qualquer outro Estado”, recordou o 11.º homem a colocar-se na corrida republicana às presidenciais do próximo ano. Jeb propõe-se a acabar com a apatia de Washington, considerando que a capital é o local “mais estático de um país dinâmico”.

“Precisamos de um Presidente que se proponha a desafiar e a alterar a cultura instalada na capital”, disse em referência aos sucessivos impasses criados pelo bipartidarismo de Washington. E recorda a sua vasta experiência em cargos governativos para se apresentar como alternativa à ordem instalada: numa frase que atingiu tanto os seus principais adversários internos – principalmente Marco Rubio, Senador pela Florida – como o actual Presidente, que também só exercera como Senador antes de chegar à Casa Branca, Jeb Bush afirmou que “como todo o país aprendeu desde 2008, a experiência executiva é sinónimo de preparação e não há substitutos para isso”.

“Não há passagem de responsabilidades quando se é Governador. Não há como encaixar na multidão legislativa, apresentar uma emenda legislativa e chamar a isso um sucesso”, reforçou.

 

 

Num discurso em que prometeu guiar o país para um caminho que permita registar um crescimento económico de 4% ao ano, Bush não se esqueceu de atacar a mais forte candidata às primárias democratas, Hillary Clinton. “O Partido que está na Casa Branca está a planear umas primárias sem suspense, para uma eleição sem mudança. Querem agarrar-se ao poder, manter a agenda mudando-lhe o nome”, disse.

Uma agenda que diz ser “responsável pela recuperação económica mais lenta de sempre, o maior aumento de dívida da história e um aumento brutal da carga fiscal da classe média”.

E, como qualquer candidato que queira ter hipóteses entre o eleitorado republicano, Jeb Bush não esqueceu a mais emblemática reforma de Obama, aproveitando o tema para sublinhar a sua vocação religiosa. “O exemplo mais irritante é o tratamento desprezível dado às Pequenas Irmãs dos Pobres, uma instituição de caridade cristã que teve a coragem de objectar contra a Obamacare”. Jeb Bush defende que “o próximo Presidente deve deixar claro que as grandes instituições de caridade como as Pequenas Irmãs dos Pobres não precisam de instruções federais para fazer o que está certo”. E diz que a reforma no sistema de saúde se tornou uma escolha “entre as pequenas irmãs e o grande irmão. E eu vou com as irmãs”.