O sexo emocional

Há mais de uma semana, Jorge Jesus, ex-treinador do Benfica, passou a ser treinador do Sporting. O que num mundo governado por mulheres mereceria uma nota de rodapé ou um artigo racional de uma colunista especializada em futebol – sim, é possível e desejável – transformou-se neste mundo masculino na verdadeira tragédia nacional, um filme…

Desejo feminino

A FDA, Associação de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos, vai aprovar a venda de um fármaco que actua sobre a libido feminina. O Flibanserin, ou “viagra feminino”, como é chamado, estará disponível nas farmácias para tratar a disfunção sexual feminina. Não é a primeira vez que a proposta é apresentada mas os estudos não têm sido conclusivos a respeito da eficácia do medicamento. Acontece que homens e mulheres não são iguais no desejo, tal como não são iguais noutros aspectos mais visíveis a olho nu. Dizer isto hoje é arriscado porque se confunde a diferença natural entre os sexos com a discriminação da mulher. O problema existe quando se defende que certas diferenças contam para ser contratado, despedido, aumentado, etc. Será que a disfunção sexual feminina se trata com um comprimido como existe para os homens? E em que consiste essa “disfunção” no caso de uma mulher? Talvez o problema esteja na falta de generosidade do parceiro. 

HDP! HDP!

A grande surpresa da semana passada, que foi por certo feliz, foi o resultado obtido pelo HDP, Partido Democrático do Povo que é pró-curdo, nas eleições turcas. Os quase 13% conseguidos, embora pareçam pouco, foram o suficiente para garantir a presença no parlamento turco e tirar a indesejável maioria que Erdogan e o seu AKP queriam e da qual precisavam para putinizar a governação. Há 14 milhões de curdos na Turquia mas também devemos contar com os 24 milhões espalhados pelo Irão, a Síria e o Iraque. É um povo cuja história tornou guerreiro. O HDP é um partido abrangente em que votaram curdos e também turcos descontentes. O partido apresentou-se como democrata, secular e tolerante com as religiões, além de protector das minorias. A sua entrada no parlamento só pode alegrar quem quer uma Turquia que esteja do lado certo da barricada. Um pormenor que descobri há pouco tempo: Saladino, o mais poderoso monarca do século XIII, era curdo. Parabéns!

TNSC

Um convite inesperado e feliz de pessoas amigas levou-me ao Teatro Nacional de São Carlos para assistir a The Rake's Progress, uma ópera de Igor Stravinsky. Sobre a ópera nada sabia a não ser que William Hogarth, pintor e caricaturista inglês, nascido em 1697, tinha pintado oito quadros em que contava a história de Tom Rakewell, que herdara uma fortuna do pai e caíra no vício e na desgraça, para acabar mal, louco num hospício. Os quadros estão no Sir John Soane's Museum, em Londres, e merecem uma visita. Hogarth fez também uma série de gravuras sobre o mesmo tema, que se encontram no mesmo sítio. A ópera surgiu a partir dos quadros de Hogarth, que Stravinsky viu em 1947, em Chicago. O libreto é de W.H. Auden e Chester Kallman. A reunião de tantos talentos resultou numa ópera com humor, como qualquer bom conto moral deve ter. Os figurinos de Pepe Corzo eram espectaculares, o Shadow era melhor do que o Tom e o teatro estava cheio. Uma grande alegria.

Seguir o exemplo

Um elemento do autoproclamado Estado Islâmico resolveu em Fevereiro tirar uma selfie e pô-la a circular pelas redes sociais Facebook, Twitter e Instagram. Na fotografia em que aparecia de óculos escuros e muito sorridente era possível ver que se encontrava nas instalações da organização numa zona montanhosa. Como se fosse pouco, o mesmo elemento exibicionista partilhou informações num fórum sobre o sítio onde se encontrava. Vinte e quatro horas depois, a Força Aérea americana bombardeava o local, destruindo o quartel-general e provavelmente matando o elemento astuto que tinha tirado a selfie. Não deixa de ser divertido que o dito Estado Islâmico sofra um ataque por causa da utilização vaidosa dos mesmos meios que usa para recrutar gente e para espalhar o terror com os vídeos tenebrosos das decapitações. Um general americano disse que se tratou de “um grande imbecil”. Não acho. Há que incentivar os membros do EI a tirar mais selfies, mais…