Fundador do Wikileaks não vê o sol há três anos

O fundador do Wikileaks Julien Assange cumpre hoje três anos de refúgio na embaixada do Equador em Londres, sem que tenha sido ainda interrogado pela justiça sueca sobre acusações de crimes sexuais ou tenha o seu caso resolvido.

Para fazer avançar o processo, o Ministério Público sueco aceitou em Março ir a Londres ouvir o australiano de 43 anos, que nega as acusações e recusa ir à Suécia por temer ser extraditado para os Estados Unidos.

Segundo Assange, uma audição com a procuradora sueca Marianne Ny prevista para quarta-feira foi anulada. "É impossível manter a confiança na magistrada nestas circunstâncias", afirmou num comunicado divulgado na terça-feira.

A anulação não foi confirmada pelo Ministério Público sueco, que na segunda-feira anunciou ter apresentado um pedido oficial às autoridades do Reino Unido para ouvir Assange em Londres em Junho e Julho.

Dois dias depois, o Ministério dos Negócios Estrangeiros equatoriano informou estar a avaliar o pedido "num espírito de cooperação judicial".

Em causa estão uma alegação de violação e outra de agressão sexual apresentadas por duas mulheres suecas em 2010, alegações pelas quais não foi até agora formalmente acusado e que Assange recusa, argumentando que as relações sexuais mantidas foram consensuais.

Em Junho de 2012, quando perdeu o processo de extradição no Reino Unido, pediu asilo político ao Equador, convicto de que se viajasse para a Suécia para ser ouvido seria extraditado para os Estados Unidos, que o querem processar pela divulgação pelo Wikileaks de centenas de milhares de documentos diplomáticos e militares confidenciais.

Com um mandado de detenção europeu emitido desde então contra si, Assange não pode sair da embaixada equatoriana porque seria imediatamente detido pela polícia britânica e entregue à justiça sueca. 

O reforço da vigilância da embaixada pela polícia britânica desde que Assange lá está refugiado custou nestes três anos cerca de 10 milhões de libras (14 milhões de euros), segundo a imprensa britânica.

Assange tem comparado a vida na embaixada à vida numa estação espacial. Na área que ocupa, um escritório e uma zona de habitação, dispõe de uma passadeira de exercício, um chuveiro, um microondas e uma lâmpada solar, além de ligação à internet.

"Ele não vê o sol há três anos porque a embaixada não tem qualquer espaço exterior. Os seus direitos têm sido gravemente violados", afirmou a Wikileaks.

Lusa/SOL