O dia que antecede a cimeira da zona euro (marcada para segunda-feira às 19:00 em Bruxelas – 18:00 em Lisboa – pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk) começou com a discussão, pelo Governo grego, de um conjunto de propostas a apresentar aos credores, tendo em vista "um acordo benéfico mútuo", segundo uma televisão privada grega.
Neste pacote, Atenas admite alterar o imposto sobre o consumo (IVA) sobre alguns alimentos ou hotéis para aumentar as receitas fiscais e acabar com as reformas antecipadas a partir do próximo ano.
As pensões e o IVA representam um dos pontos em que existe maior desacordo entre a Grécia e os credores, que exigem um corte das pensões que represente um encaixe de 1.800 milhões de euros, cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) grego em 2016.
Ainda assim, a questão chave para o executivo grego passa pela aceitação, por parte dos credores, de uma reestruturação da dívida, ao mesmo tempo que insiste em não permitir o fim do subsídio para os reformados ('Ekas') e a subida em 10 pontos percentuais no IVA sobre a eletricidade.
Ao início da tarde, o Governo grego apresentou, através de conversas telefónicas, as novas propostas à chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e ao Presidente de França, François Hollande, bem como ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Para Atenas, estas propostas visam um acordo que "deverá trazer uma solução definitiva e não provisória", mas do lado dos parceiros europeus recebeu apelos de um rápido esforço para encontrar uma solução.
À margem de um encontro em Milão, François Hollande afirmou que nas negociações entre os credores internacionais e o Governo grego "não há tempo a perder", palavras que mereceram o apoio pelo chefe do Governo italiano, Matteo Renzi, que também instou Atenas a fazer um esforço.
No entanto, Matteo Renzi foi mais otimista, considerando que já estão reunidas as condições para que a Grécia e os seus credores internacionais alcancem um acordo benéfico para ambas as partes, pondo fim a esta crise.
"Seria um erro não aproveitar esta janela de oportunidade", afirmou o primeiro-ministro italiano, mostrando-se disponível para "ajudar a encontrar o caminho para o acordo" e acrescentando que a cimeira de emergência dos líderes da zona euro deverá ter uma "conclusão positiva".
Mais tarde, a Comissão Europeia confirmou que estava a trabalhar para chegar a um acordo com os credores internacionais na cimeira extraordinária de segunda-feira. No entanto, várias fontes europeias citadas pelas agências noticiosas internacionais davam conta de que ainda não tinham chegado à mesa das negociações técnicas novas propostas de Atenas.
As instituições internacionais credoras da Grécia também se reuniram esta tarde para encontrar uma solução para o problema da dívida grega, tendo em vista a cimeira extraordinária de segunda-feira, embora ainda não conheçam novas propostas de Atenas, segundo fontes europeias que falaram à agência noticiosa espanhola EFE.
Este encontro entre a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE) "só pode ser produtivo" se Atenas apresentar uma nova proposta, o que até ao momento ainda não se concretizou, disseram essas fontes diplomáticas.
O dia ficou ainda marcado pela notícia de que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, se reúnem na segunda-feira antes da derradeira cimeira.
Também os governadores do Banco Central Europeu (BCE) vão estar reunidos na segunda-feira para discutir um possível reforço da linha de emergência de liquidez para os bancos da Grécia.
A menos de duas semanas de expirar o programa de resgate ao país e da data limite para este pagar 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional, ambos a 30 de junho, o Eurogrupo desta quinta-feira foi incapaz de chegar a um acordo que permita libertar fundos para Atenas e a situação está já num ponto em que começam a ser admitidos todos os cenários.
Nesse sentido, foi convocada uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da zona euro para segunda-feira e uma reunião extraordinária do Eurogrupo para o mesmo dia de manhã (11:30 em Lisboa), para preparar esta cimeira.
Lusa/SOL