Museu da Chapelaria faz 10 anos e soma mais de 200 mil visitas

O Museu da Chapelaria, instalado em S. João da Madeira e único do género na Península Ibérica, comemora na segunda-feira 10 anos e nesse período recebeu mais de 210.000 visitantes, 87 exposições e 19.000 peças doadas por 130 cidadãos.

Em entrevista à Lusa, a diretora do equipamento defende que esses números representam a evolução de "um sonho que começou há 20 anos", quando, em 1995, a Empresa Industrial de Chapelaria encerrou a sua atividade e a autarquia local iniciou o processo de preservação do respetivo espólio, tendo em vista a adaptação da fábrica a sede do museu.

 

"O que se conseguiu nestes 10 anos – ou nos 20, se preferirmos – foi a consolidação de um museu diferente, que já tem o seu lugarzinho no panorama da museologia nacional", afirma Suzana Menezes.

 

"Isso deve-se ao facto de apresentarmos a história do chapéu em todas as suas dimensões, o que significa que o objeto do museu ultrapassa largamente o processo produtivo da chapelaria e a antiga fábrica em si", explica. "Dá a conhecer também a vida das pessoas que trabalharam nesta indústria e muitas vezes esses relatos são contados ainda na primeira pessoa, o que emociona muito mais o público, provocando-lhe tanto lágrimas como gargalhadas e até algum choque, quando as histórias são daquelas que mereciam bolinha vermelha", acrescenta.

 

Para Suzana Menezes, o sucesso do museu reflete-se também no "orgulho" que motiva na comunidade de S. João da Madeira, na "credibilidade científica" que lhe é reconhecida pelos pares e na "diversidade de públicos" atraídos ao local por uma programação que, além das exposições próprias do museu, integra ainda conferências, oficinas, concertos, espetáculos de teatro, bazares de artesanato, mercados ecológicos, etc.

 

A política de preços praticada pela instituição também será um estímulo à procura, na medida em que cidadãos residentes no município continuam a ter entrada livre no museu e o bilhete normal de adulto ainda custa apenas 1,5 euros. "Já poderíamos ter atualizado esses valores, mas achámos que os portugueses não precisavam de mais más notícias", ironiza a diretora do museu.

 

"O certo é que a nossa programação cultural é autossustentável, com os preços de acesso a cobrirem os respetivos custos", acrescenta. "No restante, contamos com a tutela da Câmara Municipal, que está muito motivada para as questões culturais e nos incentiva a avançar com todos os projetos que idealizámos. Temos realmente muita sorte nesse aspeto", realça.

 

Dos mais de 210.000 visitantes que o Museu da Chapelaria recebeu entre junho de 2005 e maio de 2015, 58.000 deslocaram-se ao local em contexto escolar e 46.000 a título individual.

 

Os visitantes estrangeiros foram cerca de 2.700, na sua maioria integrados em comitivas empresariais ou em deslocações autónomas a partir do Porto. Nos primeiros cinco anos de funcionamento da casa, quando todo o acesso era ainda gratuito, "alguns ficavam quase ofendidos por não pagarem bilhete nem poderem deixar uma contribuição, como se faz agora nos museus ingleses", conta Suzana Menezes.

 

Quanto ao espólio da casa, aos milhares de peças que viabilizaram a sua abertura ao público em 2005 acrescentaram-se entretanto mais 19.000 artigos, entre os quais 15.000 documentos, 2.054 chapéus, 1.800 peças técnicas, como máquinas, ferramentas e material de laboratório, 170 matérias-primas e 68 peças de vestuário e acessórios de moda.

 

As doações partiram de 130 colecionadores, cada um dos quais ofereceu ao museu entre um a mais de 120 artigos.

 

Na sua primeira década de existência, esse equipamento acolheu ainda 87 exposições temporárias, a última das quais inaugurada este sábado, com cerca de 150 chapéus dos anos 50 e 60, selecionados entre os 600 que o Museu Nacional do Traje confiou à guarda do seu congénere de S. João da Madeira.

 

A mostra mantém-se patente até 27 de setembro, mas, a título excecional, hoje e na segunda-feira a entrada é livre.

Lusa/SOL