Este verrinoso arrazoado visaria, segundo a opinião geral, condicionar, ou mesmo impedir, a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa (e também, admite-se, a de Santana Lopes). O próprio Marcelo, aliás, assim o assumiu num primeiro momento, ao dar ideia que, face à indelicadeza de Passos, se afastava da corrida a Belém. «A questão está resolvida quando o líder do maior partido diz que a candidatura é indesejada», declarou Marcelo. Que, no entanto, um mês depois, levantaria o Congresso do PSD no Coliseu com um discurso emotivo que consagrou a sua popularidade e ambições junto das bases do partido.
Na altura, perguntou-se: o que levará Passos a querer travar a candidatura do centro-direita mais bem cotada nas sondagens? Contas antigas por ajustar? Capricho pessoal? Tique autoritário de liderança? Terá uma alter- nativa melhor? Não se chegou a perceber.
Agora, a menos de seis meses da corrida presidencial, Passos Coelho não se incomodou que a comunicação social passasse uma nova mensagem: a de que o seu «candidato preferido a Belém seria Fernando Nogueira», apesar da manifesta indisponibilidade deste e do pormenor de se encontrar há 19 anos afastado da vida política.
Passos quis mostrar, outra vez, que não aprecia nenhum dos três candidatos que se perfilam na área do centro-direita: nem Marcelo, nem Santana, nem Rio. Preferia Nogueira ou Durão.
Mas pergunta-se: para quê esta acrimónia pública, este distanciamento em forma de birra? Não percebe Passos que, goste ou não, vai ter que apoiar um dos três? Ou acha que isso já não será problema dele, pois estará de saída, após as legislativas de Outubro?
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