Grécia: Merkel no centro das atenções durante cimeira da zona euro

Uma cimeira extraordinária da zona euro realiza-se hoje em Bruxelas, com as atenções voltadas para a chanceler alemã, Angela Merkel, perante o risco de a Grécia entrar em incumprimento dos compromissos financeiros e mesmo sair da moeda única.

A semana passada, depois de o Eurogrupo ter sido novamente incapaz de chegar a um acordo com Atenas que permita libertar a 'tranche' de 7,2 mil milhões de euros tão necessária aos cofres públicos helénicos, o presidente do Conselho Europeu convocou uma cimeira da zona euro.

Com esta decisão de Donald Tusk, chega oficialmente ao mais alto nível político a discussão sobre a Grécia, a poucos dias de expirar o atual programa de resgate e a data limite para o país pagar 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional, ambos a 30 de junho, o que sem dinheiro levará Atenas a entrar em 'default' e poderá mesmo precipitar a saída da zona euro (o famoso 'Grexit').

Nesta cimeira dos 19 países da zona euro, os olhos estarão todos postos na chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que até agora tem sido cuidadosa e evitado qualquer posição pública que possa antagonizar Atenas. 

O encontro dos chefes de Estado e de Governo da zona euro está marcado para as 19:00 de Bruxelas (18:00 em Lisboa) e antes, às 11:30 (hora de Lisboa), arranca mais uma reunião dos ministros das Finanças do euro (Eurogrupo), com o objetivo de preparar os trabalhos. 

Este fim-de-semana de véspera da cimeira ficou marcado por várias conversações. Ao início da tarde de domingo, o Governo grego apresentou, através de conversas telefónicas, as novas propostas à chanceler da Alemanha e ao Presidente de França, François Hollande, bem como ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. 

A segunda-feira será ainda marcada pelo encontro, antes da cimeira, entre com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi.

Desde fevereiro – quando o programa de resgate da Grécia foi estendido até junho – que se arrasta o processo de negociações entre Atenas e os credores sobre as reformas a adotar pelo país. Pelo meio, houve mudanças na equipa de negociadores, mensagens contraditórias, confrontos, fugas de informação, muita crispação e, sobretudo, poucos avanços.

Da informação já conhecida, o Governo do partido de esquerda Syriza admite alterar o imposto sobre o consumo (IVA) sobre alguns alimentos ou hotéis para aumentar as receitas fiscais, mas recusa a subida em 10 pontos percentuais no IVA sobre a eletricidade.

Nas pensões, admite o fim das reformas antecipadas no próximo ano, mas os credores querem muito mais, caso de um corte das pensões que represente uma poupança de 1.800 milhões de euros em 2016 (ou 1% do PIB grego).

A questão chave para o executivo grego passa ainda pela aceitação por parte dos credores de uma reestruturação da dívida pública, que equivale a 180% da riqueza produzida por ano no país.

Ao início da madrugada de hoje, Martin Selmayr, chefe de gabinete do presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, revelou na sua conta da rede social Twitter que a Grécia tinha enviado novas propostas aos credores, um "bom ponto de partida para o encontro do Eurogrupo".

Além do Eurogrupo e da cimeira da zona euro, os governadores do Banco Central Europeu (BCE) vão estar reunidos hoje para discutir um possível reforço da linha de emergência de liquidez para os bancos da Grécia, que se encontram numa situação muito difícil perante a intensa fuga de depósitos da semana passada.

Lusa/SOL