"Este é o tempo para uma solução substancial e viável que permita à Grécia voltar ao crescimento dentro da zona euro, com justiça social e coesão", disse o líder do Governo grego, em breves declarações à imprensa antes de se reunir com o presidente do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, na sede do Conselho Europeu, em Bruxelas.
Hoje é um dia-chave para a Grécia e a zona euro, com uma cimeira de emergência dos 19 chefes de Estado e de Governo dos países que partilham a moeda única, depois de ao longo de cinco meses Atenas e os credores (representados por Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) terem sido incapazes de chegar a um acordo que permitisse libertar a 'tranche' de 7,2 mil milhões de euros tão necessária aos cofres públicos helénicos.
Sem dinheiro, a Grécia não conseguirá pagar os 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a 30 de junho, o que coloca o país em incumprimento ('default') e aumenta o risco de uma saída da zona euro (o famoso 'Grexit').
Além da cimeira da zona euro, reúnem-se hoje a partir das 11h30 (hora de Lisboa) os ministros das Finanças da zona euro (no Eurogrupo) e que servirá para analisar a nova proposta do Governo grego que terá chegado esta madrugada aos líderes europeus e que foi qualificada pelo chefe de gabinete do presidente da Comissão Europeia, Martin Selmayr, como "uma boa base para o progresso".
Além das várias reuniões que hoje acontecem em Bruxelas, em Frankfurt, na sede do Banco Central Europeu (BCE), realizou-se já uma reunião para avaliar novamente a liquidez do setor bancário grego, depois da intensa fuga de depósitos da semana passada de mais de 3.000 milhões de euros e quando os pedidos de retirada de depósitos para esta segunda-feira ascender a 1.000 milhões de euros.
O BCE voltou hoje a elevar a liquidez de urgência aos bancos gregos, admitindo que os governadores da instituição poderão voltar a fazê-lo "a todo o momento", se for necessário.
Uma fonte bancária grega citada pela agência francesa AFP adiantou que "os governadores podem reunir-se a todo o momento" para tomar uma nova decisão de ajuda às instituições financeiras gregas, se tal for necessário, "mesmo ainda hoje ou amanhã [terça-feira]", em função do resultado das negociações em curso em Bruxelas entre o executivo de Atenas e os seus credores internacionais, no dia de um Conselho Europeu extraordinário para debater o problema.
Desde fevereiro – quando o programa de resgate da Grécia foi estendido até junho – que se arrasta o processo de negociações entre Atenas e os credores sobre as reformas a adotar pelo país. Pelo meio, houve mudanças na equipa de negociadores, mensagens contraditórias, confrontos, fugas de informação, muita crispação e, sobretudo, poucos avanços.
Da informação conhecida, o Governo do partido de esquerda Syriza admite agora alterar o imposto sobre o consumo (IVA) sobre alguns alimentos ou hotéis para aumentar as receitas fiscais, mas recusa a subida em 10 pontos percentuais no IVA sobre a eletricidade.
Nas pensões, aceita o fim das reformas antecipadas no próximo ano, mas os credores querem muito mais, caso de um corte das pensões que represente uma poupança de 1.800 milhões de euros em 2016 (ou 1% do PIB grego).
A questão chave para o executivo grego passa, no entanto, pela aceitação por parte dos credores de uma reestruturação da dívida pública, que equivale a 180% da riqueza produzida por ano no país.
Lusa/SOL