O sorriso rasgado nunca teve medo das alturas. Só não estava preparado para um desmaio em pleno avião. «São momentos muito intensos, imensas responsabilidades. Em dez meses fiz 21 viagens só para o estrangeiro, sem contar com deslocações em território nacional».
O corpo da presidente pode ceder ao ritmo frenético, quando lidera a equipa de sete pessoas sedeadas num escritório na baixa de Lisboa, ou quando corre o país de norte a sul, embalada pelas queixas da falta de emprego ou pelo afastamento dos mais novos da participação política. Mas o sorriso recompõe-se num ápice, e como sempre, jamais terá receio de voos arriscados. Este é um período de «missão» para o rosto mais visível do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), que em Julho cumpre três décadas de vida e apresenta uma nova imagem. Pouco mais tarde, a 12 de Agosto, é a vez de se assinalar idêntica longevidade do Dia Internacional da Juventude, com «um grande evento no Jamor». Mas antes disso, novo teste à resistência de Joana Branco Lopes, em tempos cunhada pelos pares como «a formiguinha da cidadania», a mesma que encetou o percurso aos 14 anos, na Associação de Estudantes do liceu, que seguiu semelhante caminho na fase da faculdade, passando ainda pela organização PAR – Respostas Sociais antes de assumir funções como presidente do CNJ, cargo desempenhado desde Janeiro de 2014. «Estar numa plataforma de concertação é conseguir que todos se sintam integrados. O maior desafio é representar uma grande diversidade de jovens e organizações e conseguir encontrar um equilíbrio entre as posições que cada qual defende e as minhas convicções».
Na próxima semana, a agenda indica o sentido da Guiné-Bissau, palco da primeira Semana da Juventude da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), «um dos fóruns que integramos, constituído pelos conselhos nacionais de juventude dos países deste grupo». A discussão dos objectivos de desenvolvimento sustentável para os anos que hão-de vir e do futuro desta família de nações garantem lugar num seminário, que conta com responsáveis das instituições relacionadas com este espaço da cooperação e, essencialmente, com jovens, guineenses e de origem lusófona que residem na Guiné-Bissau.
Actividades lúdicas e culturais associam-se a um momento de partilha de identidade e língua. «A reunião com os congéneres dos países de expressão portuguesa serve para trabalhar as questões da plataforma, de que fazem parte, e documentos políticos. Já foi assinada a carta da juventude da CPLP, é preciso agora desenvolver um programa de advocacy para que cada um dos conselhos nacionais nos seus países possa advogar junto do governo para que essa carta seja implementada».
Em meados de Julho, abre-se a porta de embarque para Moçambique, que será o palco da Bienal dos Jovens Criadores da CPLP. No final de Setembro, Joana cruza o Atlântico para que a possamos ver em Nova Iorque, na Assembleia Geral das Nações Unidas. «De dois em dois anos, Portugal apresenta uma resolução para a juventude e estarei a representar o CNJ e o Governo português como delegado jovem». Saúde, e boas viagens.
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