Trata-se do primeiro Estudo de Percepção sobre o Testamento Vital, realizado pela Universidade Católica Portuguesa em parceria com a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), que inquiriu mais de mil portugueses e concluiu que 78% desconhecem o que é o Testamento Vital.
O estudo revelou também que dos 22% que afirmaram conhecer o Testamento vital, apenas 50,4% sabiam como o fazer e a quem recorrer, e só 1,4% já o realizou.
Os inquiridos referiram ser os meios de comunicação social a principal fonte de transmissão de informação sobre este documento (66,2%), ao passo que os médicos de família (2,8%) e os enfermeiros (2,9%) apresentam valores muito mais baixos.
Segundo Manuel Luís Capelas, estas conclusões apontam para "um significativo défice de conhecimento geral, tanto por parte da população, como dos próprios profissionais de saúde que não se deveriam demitir desta função".
"É preciso relembrar que o Testamento Vital é um direito que assiste a todos os portugueses. Qualquer pessoa pode declarar as suas Directivas Antecipadas de Vontade, que serão respeitadas quando não se está em condições cognitivas para uma tomada de decisão consciente", acrescentou.
O estudo permitiu detectar variações no tipo de resposta às questões, em função da região do país em que os inquiridos moravam, o seu grau de instrução ou os rendimentos.
Os habitantes da grande Lisboa são aqueles que revelam maior conhecimento sobre o testamento vital (32,9%), enquanto na região Norte apenas 16,9% dos inquiridos disseram saber em que consiste o documento.
Manuel Luís Capelas destaca ainda que a opção pela indicação de "não ser submetido a tratamento de suporte artificial das funções vitais" é influenciada pela região.
Os habitantes do Alentejo são os que mais referem esta opção (66,7%), seguidos pelos de Lisboa (15%) e pelos do Norte (10,5%).
O coordenador do estudo indicou ainda que é também a região do Alentejo que apresenta a maior percentagem de pessoas que expressam no testamento vital querer receber cuidados paliativos (60%).
O testamento vital é um documento que permite a qualquer pessoa deixar expressas as suas Directivas Antecipadas de Vontade, ou seja declarar por escrito a sua vontade quanto aos tratamentos que deseja ou não receber nos momentos em que já não esteja capaz de participar na decisão.
Entre as principais vantagens contam-se a pessoa poder ser respeitada na sua vontade, o direito à autodeterminação, a redução do impacto emocional da tomada de decisão pela família ou pelos profissionais de saúde e a preservação da dignidade humana no fim da vida.
Lusa/SOL