Num artigo de opinião publicado hoje no New York Times, e intitulado "A quebrar a Grécia", Paul Krugman diz que não queria entrar no "teatro de batalha" entre Atenas e os credores, mas que perante as negociações em Bruxelas considerou que "devia dizer algo".
"O que é que os credores, em especial o Fundo Monetário Internacional (FMI), pensam que estão a fazer?", interroga o economista, iniciando assim um artigo muito duro para com a postura dos credores internacionais da Grécia.
O Nobel da Economia considera que as negociações deviam centrar-se em metas de excedente primário e num alívio da dívida, de modo a evitar "futuras crises sem fim" do país, mas critica que os credores tenham rejeitado várias das propostas gregas.
"O Governo grego tinha concordado com essas metas, de facto muito elevadas, tendo em conta que teriam um enorme excedente orçamental primário se a economia não estivesse tão deprimida. Mas os credores continuam a rejeitar as propostas gregas, considerando que se baseiam demasiado em impostos e não o suficiente no corte da despesa. Continuamos, assim, a ditar política interna", afirma Paul Krugman.
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O Nobel da Economia critica ainda a justificação dada pelas instituições internacionais — Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI — para a oposição ao aumento de impostos, que é o impacto que essas medidas terão na economia.
"Estão a gozar connosco? As pessoas que falharam redondamente em ver os impactos negativos que a austeridade teve estão agora a ensinar-nos sobre crescimento?", questiona.
Considerando que o FMI tem criticado a "impossibilidade de lidar com o Syriza", partido do Governo grego, Paul Krugman deixa ainda um conselho: "Já não estamos no liceu", critica.
"Neste momento, são os credores, muito mais do que os gregos, que estão a encolher os postes da baliza. O que é que está a acontecer? O objetivo é partir o Syriza? É forçar a Grécia para um incumprimento presumivelmente desastroso?", questiona o economista.
Para Paul Krugman, este é o momento para deixar de falar de um "acidente grego" ('Graccident'), porque, defende, "se a Grécia sair do euro [Grexit], será porque os credores, pelo menos o FMI, querem que isso aconteça".
O Eurogrupo de hoje voltou a terminar sem acordo.
Lusa/SOL