"A operação correu bem", contou à agência AFP Jula Gaweda, da organização feminista polaca Feminoteka, que aderiu ao protesto coordenado pela Women on Waves, organização holandesa conhecida por navegar até países com leis restritivas — como fez, no passado, a Portugal –, oferecendo tratamento gratuito às mulheres a bordo.
Em 2003, um desses barcos chegou à Polónia, desencadeando uma onda de protestos. Hoje, o jornal ultracatólico Nasz Dziennik criticou o envio do "drone da morte".
O drone foi enviado a partir da cidade de Frankfurt an der Oder, na Alemanha, sobrevoou o rio e aterrou na cidade de Slubice, na Polónia.
Alguns ativistas anti-aborto acorreram ao local do envio do drone e ofereceram fetos de plástico aos ativistas pró-escolha, mas não houve incidentes e a polícia vigiou a iniciativa.
"É uma operação simbólica para mostrar que uma distância de poucos quilómetros [percorrida pelo drone] pode ser um abismo no respeito pelos direitos reprodutivos das mulheres", frisou a ativista
As pílulas abortivas que viajaram no drone são proibidas na Polónia e foram fornecidas por uma ginecologista holandesa.
No lado polaco da fronteira, duas mulheres, não grávidas, associaram-se ao protesto e tomaram as pílulas transportadas pelo drone.
Com 90 por cento da população a identificar-se como católica, a Polónia apenas permite o aborto até às doze semanas de gravidez, em casos de violação ou incesto, ou até às 24 semanas, nos casos de irreversível malformação dos fetos ou perigo de vida para a mãe.
Após as 24 semanas de gravidez, a intervenção é autorizada caso a caso e apenas quando a mãe corre risco de vida. O Governo polaco autorizou recentemente a pílula do dia seguinte.
Lusa/SOL