Numa conferência de imprensa em Bruxelas após uma reunião de três horas dos ministros das Finanças da zona euro – que prossegue neste momento a 18, sem delegação grega na sala -, Yanis Varoufakis lamentou que o Eurogrupo não tenha aprovado o pedido grego de uma curta extensão do atual programa de assistência, que expira na terça-feira, até que o povo grego se pronuncie no referendo que o governo grego agendou para 05 de julho.
"A recusa de hoje do Eurogrupo em aprovar uma extensão do programa por uns dias, para permitir ao povo grego dar o seu veredicto sobre as propostas das instituições, vai certamente danificar a credibilidade do Eurogrupo enquanto uma união democrática, de Estados-membros parceiros, e receio muito que esse dano seja permanente", declarou.
Apontando que teve hoje oportunidade de explicar aos seus homólogos as razões pelas quais o Governo grego rejeitou a última proposta colocada sobre a mesa pelas instituições – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional -, Varoufakis indicou que também justificou perante o Eurogrupo a realização de uma consulta popular.
"Não tínhamos mandato para assinar uma proposta inviável e insustentável (…), mas também achámos que não tínhamos mandato para rejeitar a proposta sem ouvir o povo grego", disse.
De acordo com Varoufakis, se as instituições melhorassem a sua proposta, o Governo grego até poderia "mudar a sua recomendação", ou seja, aconselhar o povo grego a votar "sim" à proposta das instituições, ao contrário da atual recomendação negativa que já anunciou que irá dar.
Por outro lado, admitiu, "até há uma grande probabilidade de que os gregos" rejeitem a recomendação do Governo de que faz parte, razão pela qual considera incompreensível que o Eurogrupo feche imediatamente todas as portas.
Questionado sobre as acusações, por parte das instituições, de falta de credibilidade do Governo grego de que faz parte, Varoufakis retorquiu que "as instituições e o Eurogrupo também não têm credibilidade num país como a Grécia", onde houve austeridade durante cinco anos e mais ajustamento orçamental do que em qualquer outro país, tal como ditado pela 'troika', sem que todo esse esforço tenha produzido resultados.
Lusa/SOL