Não é só por ele ter interpretado o papel de Amaro da Costa num filme de reconstituição de Camarate. É que ele era efectivamente a única ligação que ainda se mantinha no Caldas ao CDS original, o de Amaro da Costa e Freitas do Amaral – que já na altura estava à esquerda do PSD, como Amaro da Costa gostava de salientar na Assembleia, perante a reacção irritada de Sá Carneiro. Pode ser que continue à esquerda do PSD híper liberal de hoje, como também o PS de hoje estará bastante à direita do PS em que Mário Soares punha o socialismo na gaveta (o que se havia de fazer a seguir ao gonçalvismo?). De resto, nunca percebi porque Soares gosta tanto de Sócrates, e não gostava de Blair (outro enriquecido com a política), quando o português é apenas uma derivação menos segura da Terceira Via mais original do britânico.
De qualquer maneira, as peças do sistema partidário português dos tempos gloriosos vão caindo: uns pela idade, outros porque não conseguem acompanhar as derivas dos respectivos partidos (Ribeiro e Castro, Mota Amaral, Capucho, etc.).
E agora Mª de Jesus Barroso Soares, em coma, à volta dos 90 anos, também mostra o fim de uma geração que era tão nova no 25 de Abril, e o formatou. O marido, Mário Soares, tem a sua idade. Cunhal foi o primeiro a partir, por morte natural – mas esse era daquela época do PREC de que não ficaram – para mim – muitas saudades. A verdade é que a mudança é excessiva, e a avaliar por Passos Coelho e Sócrates, para muito pior: não apenas uma mudança de gerações e visões políticas, mas também de carácteres que não quero como exemplos.