As estatísticas oficiais mostram que a maioria dos desastres com pesados de passageiros resulta de colisões e não de despistes, como sucedeu nos dois casos. Segundo dados adiantados ao SOL pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), 72% dos 2.291 acidentes que nos últimos cinco anos envolveram pelo menos um pesado de passageiros foram colisões, 24% foram atropelamentos e apenas 4% resultaram de despistes.
Neste período, 70 pessoas morreram, 224 sofreram lesões graves e 3.340 ferimentos leves.
Mas, ao contrário do que aconteceu na semana passada, é em ruas e em estradas nacionais que estes acidentes ocorrem com mais frequência: no ano passado, só oito dos 398 acidentes com autocarros aconteceram em auto-estradas (299 foram em arruamentos e 50 em estradas nacionais).
Uso de cinto é obrigatório mas ninguém cumpre
Outro dado preocupante: os passageiros continuam a não usar cinto de segurança nestes veículos, apesar de ser obrigatório. Nos últimos cinco anos, das 14 passageiros que morreram, só um estava protegido e, dos 27 feridos graves, só oito usavam este equipamento. E mesmo entre os condutores há quem não cumpra esta regra básica: em 2013, por exemplo, um motorista que ficou em estado grave após um acidente não usava cinto.
“Este é um factor importante, porque evitaria que as pessoas fossem projectadas e minimizaria a gravidade das lesões”, sublinha José Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa.
Por outro lado, os cintos “devem estar em perfeitas condições sob pena de não serem úteis” – nota Filipa Vieira, do Núcleo de Investigação de Acidentes do Instituto Superior Técnico, lembrando que os cintos do autocarro que em Novembro de 2007 capotou na A23, causando a morte de 17 alunos da Universidade Sénior de Castelo Branco, estavam em más condições, “presos com braceletes de plástico”.