Grécia. Juncker sugere a Tsipras acordo de última hora que implica aceitar proposta de sábado

O presidente da Comissão Europeia propôs ao primeiro-ministro grego um acordo de última hora, em que os credores aceitariam “fechar” se Atenas se comprometer hoje a aceitar a proposta de sábado e fazer campanha pelo “sim” no referendo.

Segundo disse hoje à Lusa fonte comunitária, sem precisar os termos exatos da proposta, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tem conhecimento da proposta apresentada segunda-feira e foi informado de que deveria enviar hoje uma carta ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, à chanceler alemã, Angela Merkel, e ao presidente francês, François Hollande, "a aceitar a proposta de sábado das três instituições" e, além disso, "teria que se comprometer com uma 'campanha pelo sim' nesta base".

Esta resposta teria de chegar durante o dia de hoje, em que termina o programa de resgate, a tempo de uma reunião de emergência do Eurogrupo.

A proposta dos credores para libertarem dinheiro para Atenas é de sábado passado e inclui – entre outros pontos – subidas no IVA em vários produtos e serviços, reduções nas pensões, fim gradual das reformas antecipadas e aumento da idade da aposentação.

O tema das pensões foi o que mais tensão criou entre os credores e Atenas, sendo que o problema neste caso está sobretudo no chamado 'Ekas', o suplemento de solidariedade para os pensionistas, que os credores não consideram uma pensão de reforma, porque não depende completamente dos descontos feitos e querem que seja eliminado.

Já a reestruturação da dívida, que o Governo suportado sobretudo pelo partido de esquerda Syriza tem reclamado, não faz parte do pacote proposto.

Fontes comunitárias disseram que os credores fizeram saber ao executivo helénico que estariam disponíveis para discutir um alívio da dívida, que representa cerca de 180% do Produto Interno Bruto (PIB), quase o dobro da riqueza produzida pela Grécia, mas só aquando da negociação de um terceiro resgate ao país.

Hoje termina o atual programa de resgate à Grécia, ao extinguir-se o prolongamento de quatro meses dado em Fevereiro com o objetivo de ser conseguido um acordo entre o Governo grego e os credores para desbloquear ajuda financeira.

Depois de vários meses e reuniões entre credores e as autoridades gregas, prevaleceu o impasse e, na sexta-feira à noite, a crise que opõe o Governo grego aos credores internacionais (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) assumiu um rumo inédito: o primeiro-ministro grego anunciou a convocação de um referendo para 05 de julho à última proposta dos credores.

A decisão da consulta popular provocou a rutura imediata das negociações e no sábado os ministros das Finanças da zona euro, reunidos no Eurogrupo, recusaram prolongar o programa de assistência financeira por mais umas semanas a tempo de saber do resultado do referendo. 

Os dirigentes europeus já lançaram uma campanha pelo 'sim', tentando convencer os gregos a não recusarem o euro.

Também hoje termina o prazo para Atenas reembolsar o Fundo Monetário Internacional em quase 1.600 milhões de euros, o que não deverá fazer, entrando por isso em incumprimento perante este credor.

Na Grécia, para evitar o pânico financeiro, os bancos estão encerrados, assim como a bolsa de Atenas, havendo ainda limites de levantamento de 60 euros por dia nos multibancos.

Lusa/SOL