Câmaras em locais ocultos, no quarto dos bebés e na sala, transmitem imagens e som em directo, a qualquer hora, para telemóveis, tablets e computadores de pais ansiosos e desconfiados que temem que as crianças sejam maltratadas.
Casos recentes como o de Arnella, a menina de 18 meses que foi filmada por uma câmara oculta a ser espancada pela ama nos Estados Unidos porque não queria comer, aumentam as angústias e receios dos pais. Na hora de entregar o bebé ao cuidado de terceiros, não poupam em recursos para garantir que tudo corre bem.
Muitas pessoas desconhecem a lei e pensam que por ser em sua casa podem colocar os dispositivos de videovigilância que quiserem. Mas não é bem assim.
A Comissão Nacional de Protecção de Dados explica que instalar câmaras em casa não exige uma autorização, mas alerta que quando há pessoas a trabalhar nesse espaço aplica-se o Código de Trabalho. “E se há câmaras a vigiar o seu trabalho isso é ilegal”, esclarece ao SOL fonte oficial da CNPD. Mas também aqui, admite a comissão, é difícil intervir porque os trabalhadores ou não sabem ou não apresentam queixa com receio de perderem o trabalho. Se os patrões assistem a algo que não gostam, acabam por despedi-los.
Também os filhos mais velhos são alvo de tentativas de controlo por parte dos pais, preocupados com o que estes fazem quando estão sozinhos ou com os amigos. Na internet podem ser adquiridos todo o tipo de equipamentos de vigilância: relógios, pulseiras e outros adereços que escondem câmaras. Além, claro, dos telemóveis que podem ser consultados para saber onde estão, que imagens e mensagens trocam e o que vêem na Internet.